A candidata da esquerda à Presidência do Equador, Luisa González, denunciou, nesta sexta-feira (11), que o governo de extrema direita de Daniel Noboa fez mudanças na equipe de segurança militar dela a dois dias do segundo turno no país, abalado pela violência do narcotráfico. González enfrentará no domingo Noboa em uma acirrada disputa presidencial e ambos encerraram a campanha eleitoral na quinta-feira (10) em Guayaquil.
“Alerto o país sobre o ato irresponsável do governo ao substituir minha equipe de segurança das Forças Armadas, pondo em risco a minha vida e a da minha família”, escreveu González no X.
Em vídeo publicado na rede social, a herdeira política do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017) assinalou que seu esquema de segurança militar foi estabelecido “após as graves denúncias de atentados” contra ela, “que atualmente estão sob investigação do Ministério Público”.
González tachou a medida de “irresponsável, temerária e profundamente perigosa”, e responsabilizou Noboa, o ministro da Defesa, Giancarlo Loffredo Rendón, e o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador, general Jaime Vela.
“Ratifico meu pedido de manter a equipe de segurança atribuído durante estes dias decisivos para o país”, insistiu a candidata,
Em seguida, o Ministério da Defesa assinalou que todos os agentes de inteligência e das forças especiais, destacados para a segurança da advogada de 47 anos, “estão qualificados para cumprir o compromisso assumido desde o princípio de zelar por sua proteção”.
“A quantidade de 58 militares totalmente armados e preparados, juntamente com os 12 veículos destacados para a segurança da candidata Luisa González, segue sendo a mesma”, acrescentou a pasta em um comunicado, sem detalhar se houve substituições.
Nas eleições antecipadas de 2023, o candidato Fernando Villavicencio foi morto a tiros quando saía de um comício em Quito. Desde então, mais de 30 políticos, autoridades judiciais e jornalistas foram assassinados no Equador. O país registrou um homicídio por hora entre janeiro e fevereiro, o começo de ano mais sangrento desde que começaram os registros, segundo dados do Ministério do Interior.
Organizações populares denunciam falta de garantias
Em manifesto divulgado nesta sexta-feira (11), organizações e coletivos populares denunciam “a falta de garantias democráticas para as eleições de 13 de abril”. As organizações dizem que, logo após o primeiro turno, “as decisões arbitrárias do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) se multiplicaram para favorecer o presidente e manchar as eleições”e apontam como uma dessas decisões a proibição do uso de telefones celulares no dia da votação.
“Não apenas viola a liberdade de expressão, mas também boicota o direito dos cidadãos e dos movimentos políticos de monitorar a contagem dos votos e exercer o controle eleitoral”, diz o comunicado. Com base nesse cenário, as organizações fazem um apelo em defesa do voto e pela garantia da democracia no país.
“Todo voto conta. A voz do povo não pode ser silenciada ou distorcida. A presença organizada, maciça e pacífica dos cidadãos
será fundamental para garantir que cada voto seja respeitado”, diz o comunicado. “Em 13 de abril, não é apenas a eleição presidencial em jogo, mas a preservação do regime democrático e a afirmação dos espaços onde o conflito e a luta política são possíveis.”
*Com AFP