Um grupo de parlamentares foi convidado para participar do Festival Mulheres em Lutas (Mel), que acontecerá entre os dias 11 e 13 de abril, em São Paulo. Entre as vereadoras está Teca Nelma, do PT em Maceió (AL), que participará do painel Justiça climática pela potência das mulheres, na manhã deste sábado (12).
Ao programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, Nelma afirmou que o evento é importante para “cultivar esperança” entre as mulheres. “O Mel é justamente sobre isso: precisamos unir forças entre as mulheridades presentes e futuras nesse encontro para continuarmos na resistência da esquerda e na luta coletiva”, disse.
Segundo Teca Nelma, a violência política de gênero não é um problema isolado, mas parte de um sistema que ainda resiste à presença feminina nos espaços de decisão, o que também será discutido no festival.
“A gente está muito ansiosa para debater com o Brasil inteiro os desafios da violência política de gênero que sofremos. Infelizmente, essa violência quase se torna democrática, no sentido de atingir qualquer mulher que tenta ocupar o parlamento, seja entrando ou tentando entrar. Por isso, precisamos resistir. E o momento Mel é justamente pra isso: para trocarmos experiências, ideias, e nos organizarmos enquanto coletivo”, afirma Nelma.
“Eu sempre digo que, durante muito tempo, nossos fatos, nossas vivências, foram negados. Tentaram nos manter na esfera privada das relações. A política das mulheres era considerada algo do espaço doméstico. Mas a gente furou essa bolha. E mesmo com a conquista do direito ao voto em 1934, a violência contra a mulher continuou. Foi uma luta longa, com muitos debates, até que alguns direitos fossem garantidos”, continuou.
A vereadora também afirma que tem vivenciado de forma direta os impactos da violência política de gênero nos espaços legislativos. Segundo Teca, comentários que são aparentemente inofensivos ou apresentados como brincadeiras podem carregar um forte teor de violência simbólica, sendo formas sutis, mas recorrentes, de tentativa de silenciamento das mulheres que ocupam cargos públicos.
Ela destacou que é fundamental tornar visível essas violências, especialmente aquelas que muitas vezes passam despercebidas ou são naturalizadas no ambiente político. Em suas palavras, é preciso reafirmar constantemente que o espaço político também pertence às mulheres, e que a simples ocupação desses cargos não é suficiente diante de estruturas que continuam excluindo, ainda que de forma velada.
“A gente precisa mostrar que esse espaço também é nosso. Por isso, sempre digo: é uma multiplicidade de fatores que precisam ser enfrentados em conjunto. A política ostensiva é importante, sim, mas se a gente não combater o machismo na raiz, nada será realmente garantido”, disse.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.