Torcedores do time chileno Colo-Colo invadiram o estádio na noite de quinta-feira (10) no jogo contra o Fortaleza pela Copa Libertadores para protestar contra a polícia do país após a morte de dois jovens: Martina, de 18 anos, e uma criança, Mylan, de 14.
Antes da partida, os dois adolescentes foram atropelados e mortos por um carro de polícia nos entornos do Estádio Monumental, casa do Colo-Colo, em Santiago.
Uma das maiores torcidas organizadas do time chileno, a Garra Blanca, publicou na manhã desta sexta-feira (11) um comunicado sobre o ocorrido. Sob o título “Vingança — Duas Vidas Valem Mais que Três Pontos” a organização disse que “não é a primeira vez que a instituição [policial] acaba com a vida dos nossos nas imediações do estádio Monumental”.
“O futebol jamais estará por cima da vida das pessoas. Na prévia da partida contra o Fortaleza, dois torcedores foram atropelados por um carro lançador de gás da polícia”, explicou a organizada em nota. “Não permitiremos que o show oculte a gravidade do que aconteceu: dois menores assassinados pelos uniformizados. Faltaram totalmente com os protocolos, se é que têm algum”, acrescentou.
A Garra Blanca ainda se posicionou diante da atitude violenta da polícia contra os jovens: “nossos companheiros não podem seguir morrendo nas mãos desta instituição; um sai de casa com a ilusão de ver seu time, para espairecer e se divertir. Não é possível que você não volte para casa por ter ido assistir a uma partida”.
A Conmebol, confederação de futebol da América do Sul e responsável pela organização do evento, ainda tentou retomar a partida entre os dois times, mesmo com a morte dos dois meninos e invasão no estádio. No entanto, o jogo foi oficialmente suspenso após a recusa dos times participantes em voltar para o campo.
A Garra Blanca convocou, para esta sexta, uma manifestação popular em homenagem aos jovens e para pedir investigações sobre a ação da polícia que resultou na morte das crianças. “Estendemos o convite a todo o povo colocolino [torcedores do time], para se unirem a nós por todas as ruas do país, em homenagem aos dois jovens covardemente assassinados pela instituição mais nefasta deste país”.
O objetivo “é investigar o protocolo e a crueldade que os carabineros [como são chamados, pejorativamente, os policiais] têm com os torcedores do Colo-Colo; não é normal que quatro colegas de torcida tenham sido atropelados nos últimos 15 anos nas proximidades do estádio Monumental, resultando em suas mortes”.
“Nos unimos na dor das famílias dos jovens, e entendemos que poderia ter sido com qualquer um de nós. Ninguém deve morrer por ir assistir a uma partida”, concluiu a organizada.