Diretamente do Equador, onde acompanha o processo eleitoral, o deputado federal João Daniel (PT-SE) denunciou nesta segunda-feira (14) ao Conexão BdF uma série de irregularidades e medidas autoritárias que, segundo ele, comprometem a legitimidade da reeleição de Daniel Noboa à presidência do país. Segundo o parlamentar, há indícios claros de fraude eleitoral e repressão contra a oposição liderada por Luisa González, candidata da Revolução Cidadã.
“Todas as pesquisas feitas no Equador indicavam uma eleição disputada, a maioria dando na frente a candidata da Revolução Cidadã [projeto socialista do ex-presidente rafael Correa que governou entre 2008 e 2017], Luisa González, que no primeiro turno elegeu metade do Congresso do Equador. Havia toda uma perspectiva de vitória. Porém, houve várias medidas decretadas pelo atual presidente, Daniel Naboa, como estado de exceção justamente nas províncias onde a oposição era mais forte, impedindo reuniões e manifestações”, afirmou o deputado.
O parlamentar criticou ainda o que chamou de “submissão de Noboa aos interesses dos Estados Unidos”, lembrando que o país vive sob forte influência de Washington, inclusive com a dolarização da economia e a presença de grandes conglomerados de exportação voltados para o mercado norte-americano.
Segundo João Daniel, o clima no país é de tensão e silêncio forçado pelo toque de recolher. “A cidade está completamente calada. Mas no entorno da sede da Revolução Cidadã houve manifestações de resistência. A população que apoia González denuncia o golpe eleitoral e pede recontagem dos votos”, relatou.
Ele também destacou que há dezenas de lideranças políticas da esquerda equatoriana exiladas e proibidas de retornar ao país, muitas delas vivendo na Venezuela. “O Equador viveu uma história parecida com a do Brasil, mas, aqui, é como se a Lava Jato no Brasil tivesse vencido, sem nunca ter sido desmascarada pela Vaza Jato. O Judiciário aqui segue aliado a setores reacionários e ao governo conservador.”
Para o deputado, o resultado anunciado pelas autoridades eleitorais representa um retrocesso. “Um país em colapso, tomado pela violência e por crises profundas, reelege um presidente com 13 pontos de diferença? Isso é fraude, é uma vergonha”, disse, reproduzindo a fala de um motorista de táxi equatoriano com quem conversou.
O petista afirmou que continua em reuniões com observadores e representantes internacionais, que, de acordo com ele, reforçam a percepção de fraude. “Nos aparenta que realmente houve uma grande fraude eleitoral para favorecer atual presidente Daniel Noboa contra setores da esquerda com projetos liderados por Luisa González.”
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