O Rio Grande do Sul está prestes a dar um salto tecnológico no monitoramento do clima. Um novo projeto do governo federal vai instalar 98 estações meteorológicas automáticas em diferentes regiões do estado até o final de 2025. A primeira delas entrou em funcionamento na última sexta-feira (11), na sede do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Porto Alegre, marcando o início de uma ampla modernização da rede de coleta de dados meteorológicos.

A iniciativa, coordenada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), visa dobrar o número atual de estações no estado, que hoje conta com 50 unidades. A modernização das estruturas permitirá não apenas a expansão territorial da cobertura, mas também o aprimoramento dos dados coletados. Pela primeira vez, será possível medir, além das variáveis atmosféricas tradicionais, a temperatura e a umidade do solo – informações cruciais para a agricultura e a gestão de riscos climáticos.
As novas estações são capazes de transmitir dados em intervalos que variam de uma hora a até 15 minutos, dependendo da necessidade de monitoramento. Elas utilizam sinal de internet e, em locais com cobertura precária, também podem operar via satélite. A rapidez e a precisão na coleta e no envio das informações serão fundamentais para antecipar fenômenos extremos, como frentes frias e ciclones extratropicais, que têm atingido com frequência o estado nos últimos anos.

“O RS será pioneiro com uma rede totalmente automatizada e com sensores de solo. É uma transformação estrutural. Saímos de um modelo baseado em observações manuais para um sistema digital e autônomo”, explica José Cleber Souza, superintendente regional do Mapa. Segundo ele, a iniciativa marca uma virada na forma como se realiza a vigilância meteorológica no país.
Os novos equipamentos seguem padrões internacionais, conforme orientações da Organização Meteorológica Mundial (OMM), e aproxima o Brasil de países como Japão, Estados Unidos e Alemanha, referências globais em previsões meteorológicas e resposta a desastres.
A atualização da infraestrutura do Inmet faz parte de um plano estratégico mais amplo do Mapa e foi viabilizada por um crédito extraordinário de R$ 25 milhões, autorizado por medida provisória do governo federal em 2024. A expectativa é que o sistema mais robusto e preciso contribua para a segurança da população, o planejamento agrícola e o enfrentamento das mudanças climáticas.
“Estamos diante de uma revolução silenciosa, mas com grande impacto no cotidiano das pessoas e no futuro da produção agrícola. Com mais informação e previsibilidade, ganham os produtores, as defesas civis e todos os gaúchos”, resume Marcelo Schneider, coordenador da Divisão de Meteorologia do Mapa.
