Nadine Heredia, mulher do ex-presidente do Peru Ollanta Humala, pediu asilo na Embaixada do Brasil em Lima nesta terça-feira (15). Ela e o marido foram condenados a 15 anos de prisão por corrupção ligada a um escândalo global envolvendo o grupo de construção brasileiro Odebrecht, também nesta terça.
O Ministério das Relações Exteriores do país informou que Heredia entrou na embaixada ainda na manhã desta terça, antes da leitura da sentença. Em comunicado, o órgão afirmou que o pedido está “em conformidade com o estabelecido na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual o Peru e o Brasil são signatários”.
O tribunal peruano considerou que ambos são culpados de lavagem de dinheiro por receberem contribuições ilegais da Odebrecht em duas campanhas presidenciais. Humala foi levado sob custódia da sala de audiências após a decisão, e o juiz Nayko Coronado ordenou a prisão de Heredia, que não compareceu à audiência de sentença.
Os promotores haviam solicitado uma pena de 20 anos de prisão para Humala e 26 anos para Heredia por aceitar US$ 3 milhões (aproximadamente R$ 5,6 milhões, em valores da época) em contribuições ilegais da Odebrecht para sua campanha de 2011.
A dupla também foi acusada de desviar ilegalmente cerca de US$ 200 mil enviados pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para a fracassada campanha de Humala em 2006.
Heredia também foi acusada de “ocultar compras de imóveis” feitas com parte do dinheiro.
Ex-oficial do exército que comandou o país de 2011 a 2016, Humala tornou-se, em 2022, o primeiro ex-presidente peruano a ser julgado no escândalo de corrupção da Odebrecht, que também envolveu três outros ex-presidentes. Eles negaram todas as acusações, e a equipe jurídica de Humala disse que ele vai apelar da sentença. A empresa admitiu ter pago pelo menos US$ 29 milhões em subornos a autoridades peruanas entre 2005 e 2014.
Presidente por dois mandatos (1985-90 e 2006-10), Alan Garcia cometeu suicídio em 2019 quando a polícia foi à sua casa para prendê-lo, enquanto Alejandro Toledo (no poder de 2001 a 2006) foi condenado no ano passado a mais de 20 anos de prisão por aceitar subornos multimilionários em troca de contratos governamentais. As investigações continuam sobre o quarto ex-presidente implicado, Pedro Pablo Kuczynski (no cargo de 2016 a 2018).
O esquerdista Humala chegou à presidência em 2011 após derrotar a candidata de direita Keiko Fujimori, que por sua vez passou 16 meses em prisão preventiva em outro caso ligado à Odebrecht.