A deputada estadual Rosa Amorim (PT-PE) se manifestou, em entrevista ao Conexão BdF, do Brasil de Fato, sobre os episódios de violência sofridos por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante a marcha realizada no Recife (PE), nesta terça-feira (15), que marca o encerramento da jornada de lutas de abril em Pernambuco.
Para a parlamentar e militante do MST, os acontecimentos do dia — incluindo o atropelamento de pelo menos dois militantes, que estão hospitalizados, e a recusa de uma unidade do supermercado Novo Atacarejo em permitir a entrada de trabalhadores para comprar alimentos — são parte de uma longa trajetória de criminalização do movimento. “Desde que o MST existe, sofremos violência: do latifúndio armado, do agronegócio, que é a expressão máxima do capitalismo sobre o povo do campo”, afirmou.
Segundo Rosa, o cenário atual de polarização e o fortalecimento da extrema direita têm aprofundado esse contexto. “O incentivo das forças fascistas organizadas no Brasil, através do bolsonarismo, tem incitado cada vez mais o ódio contra o povo trabalhador que luta por uma causa muito justa, que é a reforma agrária. Estamos vivendo uma crescente violência no campo, e pudemos testemunhar isso inclusive em um ato pacífico e legítimo, no qual o MST ocupa o Recife para reivindicar reforma agrária”, disse.
A deputada reforça que a Constituição Federal é clara ao prever que terras improdutivas devem ser destinadas à reforma agrária, e destaca que nenhum avanço nesse campo foi conquistado sem mobilização popular. “O Estado precisa garantir o que está na Constituição. Toda terra conquistada pelos trabalhadores rurais foi através da luta e resistência”, pontuou.
Rosa lembrou ainda que o mês de abril é simbólico para o movimento, por marcar a luta pela democratização do acesso à terra e por pressionar os governos a avançarem na pauta. “Se o Brasil enfrenta fome e insegurança alimentar, é urgente garantir terra para quem produz comida de verdade, que é a agricultura familiar”, defendeu.
Pernambuco tem hoje cerca de 16 mil famílias acampadas, à espera da posse da terra para acessar políticas públicas de produção rural.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.