A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) defendeu que haja uma resposta diplomática ao governo dos Estados Unidos, que ignorou os documentos brasileiros e registrou a parlamentar com o sexo masculino na emissão de um visto diplomático para uma conferência acadêmica.
“Quando praticada nos Estados Unidos ainda pede uma resposta das autoridades do poder judiciário americano. Mas quando invade um outro outro país, pede também uma resposta diplomática, uma resposta do Itamaraty”, disse a deputada ao Brasil de Fato. “É absurdo que o ódio que Donald Trump nutre e estimula contra as pessoas trans tenha esbarrado em uma parlamentar brasileira indo fazer uma missão oficial em nome da Câmara dos Deputados”, afirmou.
A parlamentar iria aos Estados Unidos, no último sábado (12), para participar da palestra “Diversidade e Democracia”, ao lado de outras autoridades brasileiras, da Brazil Conference, organizada pela comunidade brasileira de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês). Hilton, no entanto, desistiu da viagem após o ocorrido.
Em 2023, a mesma embaixada já havia emitido um visto para a deputada considerando o gênero feminino. Agora, a mudança atende a um decreto do presidente Donald Trump, assinado em janeiro de 2025, que não reconhece pessoas trans no país.
“Uma situação mais do que constrangedora, é uma situação de violência, desrespeito, abuso, inclusive, do poder, porque viola um documento brasileiro. É uma expressão escancarada, perversa, cruel do que é a transfobia de Estado praticada pelo governo americano”, afirmou Erika Hilton. “Uma situação muito preocupante, uma situação gravíssima de transfobia, mas também de um problema que eu considero diplomático.”
“Essa denúncia vem para escancarar para as pessoas o que é a política excludente, higienista e transfóbica praticada por Donald Trump contra as pessoas trans, mas também para dizer o quão abusado ele é de alterar um documento de um país que ele não preside, – que também não seria o país dele, porque um presidente não é eleito para fazer do país a sua casa e as suas vontades”, disse por fim.