A morte do papa Francisco, anunciada na segunda-feira (21), provocou inúmeras manifestação de condolescência e admiração. Mas também despertou discursos de desprezo. Em Porto Alegre, a vereadora Mariana Lescano (PP) referiu-se à morte do pontífice como uma “limpeza espiritual” e curtiu comentários ofensivos feitos por seus seguidores nas redes sociais.
A atititude fez com que a vereadora Natasha Ferreira, líder da bancada do PT em Porto Alegre, protocolasse, nesta terça-feira (22), uma moção de solidariedade aos católicos, fiéis e cristãos da Capital.
Para a parlamentar, esse tipo de manifestação desrespeita não apenas a figura de um dos maiores líderes espirituais da atualidade, mas também fere o sentimento religioso de quem vê na fé cristã um caminho de esperança, solidariedade e amor ao próximo.

“A moção vem de encontro a esse comentário completamente desrespeitoso de uma vereadora da Casa. Eu sou de família Católica Apostólica Romana. Já estive em seminário, fui coroinha da igreja, fiz catequese, comunhão e crisma. Eu sei como a figura do papa é importante para o mundo do catolicismo”, afirma Ferreira ao Brasil de Fato RS.
Conforme destaca a vereadora, dizer que a morte do papa é “uma limpeza espiritual” reflete intolerância religiosa de um setor “extremamente fanático”. “Quando ela (vereadora Mariana Lescano) expressa aquele comentário, aquele post, é muito depreciativo, especialmente nesse momento que a Igreja vive. É um tipo de desrespeito que a gente não pode deixar passar”, enfatiza.
Nesse sentido, a parlamentar defende a relevância da moção de solidariedade. “Inclusive parte da Igreja Católica funda o PT. Então é importante a gente entender as nossas origens, os laços que nós temos com o catolicismo também”, avalia.
Para Ferreira, a moção também vai no sentido de respeito ao papa Francisco, que em sua avalição foi e é, dentre os papas, “o mais cristão possível”.
“O papa mostrou gestos de humanidade, falas históricas. Combateu a questão do abuso sexual da Igreja. Ainda que a gente saiba que tem muito para avançar, ele conversou com a pauta LGBT. Colocou vários debates que eram complexos, do seu tempo, na própria agenda do papa. Isso é algo que a gente não tinha visto até então. O papa é um marco e não pode ser desrespeitado de forma nenhuma”, finaliza.
