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O mundo precisa de um novo jeito de ser pai

Ser pai na cotidianidade da construção de uma relação de diálogo familiar

Nesse segundo domingo de agosto, apesar dos apelos meramente comerciais, a comemoração do dia dos pais é sempre boa ocasião na qual os filhos expressam seu amor e os pais podem pensar o que significa ser pai em uma sociedade que, a cada dia, passa por profundas transformações. Estudos nos revelam: há 8 mil anos, a maioria das antigas civilizações se organizava de forma matrilinear. A referência da sociedade era a família da mãe. Nessa forma de organização, homens e mulheres conviviam em situação de maior igualdade e a propriedade da terra era comunitária. Havia certa igualdade sexual e as sociedades eram mais pacificas e não conheciam a guerra. 
Há cinco mil anos, as sociedades começaram a se organizar a partir da agricultura. Então, os homens passaram a ser os chefes da família e as sociedades se tornaram patriarcais. A partir daí, passou a ser uma sucessão de guerras e conquistas. Conforme essas pesquisas, foram as sociedades patriarcais que geraram as diferenças de classes sociais e inventaram a escravidão, primeiramente dos inimigos conquistados nas guerras e depois de pobres endividados, escravizados para pagar dívidas. 
Infelizmente, até hoje, a sociedade é patriarcal. Só que esse modelo de organização social não funciona mais. Por outro lado, não se encontrou ainda outro estilo de relações familiares. Mães e filhos se desgastam na luta pela sobrevivência. Na maioria das vezes, os homens resolvem o problema pela ausência ou por cumprir meras obrigações econômicas. 
Todos sabem que não basta ser pai biológico. Hoje, até as provetas de laboratório garantem isso, sem necessidade de presença humana. O importante e desafiador é ser pai na cotidianidade da construção de uma relação de diálogo familiar, na qual os filhos que crescem precisam de referências de diálogo e apoio afetivo. No Brasil, a média de duração dos casamentos é de dez anos. E na maioria dos casos, o que sobrevive é uma família nuclear, constituída por mãe e filhos, onde, quase sempre, falta a presença masculina positiva e não dominadora. 
O mundo precisa de um novo jeito de ser pai. A função paterna é necessária para o equilíbrio da família, para uma relação mais justa com a mulher, para a saúde psíquica e emocional dos filhos e para a organização de uma sociedade mais paritária e pacífica. 
Os movimentos sociais e organizações populares têm sido palcos de discussão deste assunto. Têm conseguido transformar homens e mulheres, formados na cultura patriarcal em protagonistas que ensaiam novas relações familiares e sociais. Novas formas de viver a paternidade não serão descobertas sem a participação das mulheres, em uma relação de gênero, tecida na cumplicidade e no diálogo entre todos e todas. Ser pai e mãe de forma não patriarcal, nem de dominação só pode ser ensaiado no engajamento pela justiça e no compromisso com a saúde do planeta. 
 

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