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Onde está a juventude nas eleições municipais de 2024?

Nós jovens ocupamos o ranking das piores estatísticas como desemprego, morticínio e evasão escolar

Nas eleições de 2022 tivemos um recorde atingido na tiragem de títulos, com um aumento de 47,2% de jovens entre 16 e 17 anos em relação ao mesmo período de 2018. 

Neste ano (2024), o Tribunal Superior Eleitoral TSE identificou que o perfil de idade do eleitorado do Paraná, ao somar a juventude (16 a 35 anos), têm uma quantidade maior de votos se comparado com a idade adulta e idosos. No total, foram aproximadamente 2.731.050 eleitores jovens no estado, sendo que o total foi 8.475.632, portanto, compõe ¼ dos votos totais na urna.

Quando voltamos nosso olhar aos candidatos neste ano, a média nacional de idade dos candidatos à prefeitura ultrapassou, pela primeira vez, os 50 anos. Já entre os vereadores e vereadoras, a média foi de 46,9 anos.

No Paraná esse dado se repete. A maioria dos candidatos possui entre 40 e 59 anos. Tivemos 34.000 candidaturas em nosso estado, contando vereança e prefeitura, dessas, apenas 4.200 são jovens, o que corresponde a 12% do total.

Mesmo o debate sobre juventude dentro da esquerda ser antigo, na prática, a capacidade de renovação, lamentavelmente, da direita tem sido maior. 

– Agir – 3 candidatos/as

– Cidadania – 2 candidatos/as

– DC – 1 candidatos/as

– MDB – 2 candidatos/as

– MOBILIZA – 1 candidatos/as

– NOVO – 10 candidatos/as

– PDT – 4 candidatos/as

– PL – 5 candidatos/as

– PMB – 2 candidatos/as

– PODEMOS – 3 candidatos/as

– PP – 3 candidatos/as

– PRD – 5 candidatos/as

– PRTB – 1 candidatos/as

– PSB – 6 candidatos/as

– PSDB – 2 candidatos/as

– PSOL – 5 candidatos/as

– PT – 5 candidatos/as

– REDE – 2 candidatos/as

– REPUBLICANOS – 3 candidatos/as

– UNIÃO BRASIL – 5 candidatos/as

Com esses números, fico pensando algumas coisas:

1. Os dados do TSE revelam que o perfil dos candidatos não reflete com exatidão qual a cara e perfil do eleitorado paranaense, a maioria são homens de 45 e 49 anos.

2. A direita, sobretudo o NOVO, em diversas cidades do Paraná tem lançado candidaturas jovens e conseguido dialogar amplamente com setores do trabalho informal, como motoristas de aplicativo, entregadores de Ifood, entre outros. 

3. Ao identificar que a direita tem lançado mais candidaturas jovens, não quer dizer automaticamente que possuem programas políticos voltados para a juventude. Afinal, não foi esse dado que nos propomos a verificar aqui.

4. No entanto, os números também nos mostram que o mesmo gargalo do início dos anos 2000 é o de 2024: a incapacidade de renovação política e envolvimento da juventude dentro da esquerda.

Nós jovens ocupamos o ranking das piores estatísticas como desemprego, morticínio e evasão escolar. Vivemos péssimas condições de trabalho, somos excluídos do mercado formal e do sistema educacional. Convivemos cotidianamente com as violências nas periferias das cidades brasileiras, somos alvo direto de um projeto de extermínio em curso desde séculos passados. 

Mas entendemos também que nós jovens, além de sermos uma categoria social, somos principalmente um sujeito político, um setor da sociedade que está em disputa, seja pela ideia de ascensão individual e meritocrática, seja pelo conservadorismo ou seja pelas ideias revolucionárias de transformação estrutural da sociedade. E para essa transformação ocorrer, levarão anos de luta e organização popular que demandem dos partidos políticos e movimentos sociais a renovação. Diante desse diagnóstico, a tarefa do início dos anos 2000 continua. 


Leia outros artigos de Ana Keil em sua coluna no Brasil de Fato PR


 

 

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