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Cooperativas na Bahia ajudam na coleta de resíduos e produção de adubos orgânicos

Apesar da importância, o ofício da coleta e produção de adubos ainda encontra desafios para ser valorizado

Você tem ideia do quanto produz de resíduos orgânicos na sua casa? Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) aponta que, no Brasil, são produzidas 37 milhões de  toneladas de resíduos orgânicos por ano. Só a cidade de São Paulo (SP) envia, diariamente, 5 mil toneladas destes produtos para os aterros sanitários.   

Resíduos orgânicos são restos de comida e plantas que são jogados fora, mas que poderiam ser aproveitados para a produção de adubo, por exemplo.

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A atividade de coleta desses resíduos orgânico tem proporcionado aos catadores de material reciclável uma fonte de renda. Os trabalhadores da Cooperativa de Reciclagem de Caetité (Coopercicli), na Bahia, é um exemplo promissor dessa atividade. Os cooperados têm uma ligação direta com a comunidade, como afirma George Euzébio, um dos cooperados. 

“Como é que funciona? A gente deixa um tambor vazio, a pessoa enche e a gente vai lá e troca. Pega o cheio e deixa um vazio. Então, a própria cooperativa faz esse sistema. Cerca de 50% do lixo hoje é formado por resíduos orgânicos. À medida que você tira esse resíduo que iria para um aterro sanitário, aterro controlado e muitas vezes um lixão, você pega e transforma isso. Ou seja, você aumenta a capacidade de vida útil do aterro lá”, explica.

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Além de preservar o meio ambiente, a produção de adubo orgânico oferece aos trabalhadores cooperados uma nova experiência com o mundo do trabalho. Um exemplo é a equipe da Cooperativa Jacobina, que também está localizada na Bahia, atua com reciclagem e compostagem desde 2011.

Elizabeth Santana é uma das catadoras da cooperativa e relata alguns desafios para a atividade.

“A gente trabalha sem luva, sem máscara. Um trabalho desumano. Hoje, graças a Deus, junto com o técnico, com o governo federal, estadual e a prefeitura, hoje graças a Deus a gente tá subindo um degrau a mais”, afirma. 

O adubo produzido pelos catadores cria uma conexão entre comunidade, empresas e camponeses que usam o adubo orgânico na produção agrícola, completando, dessa forma, o ciclo da preservação do meio ambiente e gerando renda para os trabalhadores.  

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Elizabeth Santana afirma também que o contexto de pandemia traz novas questões para o ofício. 

“Tem muitos aí que perderam o emprego, por causa da pandemia, ficou sem trabalho. E nós aqui, pouco ou muito, mas a gente tem o que botar no bolso e ir lá no mercado fazer a feirinha", defende. 

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