Magistrados de juizados e tribunais do Haiti iniciam uma greve por tempo indeterminado, a partir desta segunda-feira (15), para reivindicar que o presidente ilegítimo do país, Jovenel Moïse, respeite a Constituição haitiana.
As organizações também denunciam a prisão ilegal do juiz Ivikel Dieujuste Dabrezil, no dia 7 de fevereiro, além da aposentadoria forçada de três juízes do Tribunal de Cassação e a tentativa de nomeação de outros três, o que estaria em desacordo com a Constituição.
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O mandato constitucional do presidente Jovenel Moïse terminou no dia 7 de fevereiro, no entanto, o mandatário não dá sinais de que irá deixar o poder. Em um discurso naquela data, Moïse afirmou ter impedido uma tentativa de golpe de Estado, que seria comandada pelo juiz Dabrezil, da corte suprema do Haiti e seu sucessor na presidência do país.
Fazem parte do protesto iniciado nesta segunda as quatro associações de juízes do país: a Associação Nacional dos Magistrados do Haiti (ANAMAH), a Associação Profissional dos Magistrados (APM), a Associação dos Ministros da Paz do Haiti (AJUPHA) e a Rede Nacional dos Magistrados do Haiti (RENAMAH).
Em nota, as associações de magistrados convocam a “greve até que o Executivo respeite a Constituição, as leis da República e os convênios internacionais que consagram o princípio de separação de poderes e a independência do Poder Judiciário para evitar o colapso total das conquistas democráticas”.
National Association of Haitian Magistrates (ANAMAH) in #Haiti, announces work stoppage to protest the dictatorial regime's attack against the judiciary. pic.twitter.com/Fo42Lwi0LC
— Madame Boukman – Justice 4 Haiti 🇭🇹 (@madanboukman) February 13, 2021
Na última semana, outra paralisação dos magistrados havia ocorrido contra a prisão ilegal de Dabrezil, que permaneceu detido por cinco dias.
Enquanto os partidos de oposição, movimentos populares e setores da Igreja exigem que Moïse entregue a gestão e seja instaurado um Conselho Nacional de Transição, o Executivo afirma que permanecerá no poder até 2022.
O presidente também utilizou da legislação para dissolver o Congresso do país em janeiro de 2020. E, depois de fechar o parlamento, não convocou eleições, governou durante um ano à base de decretos e sugeriu uma reforma constitucional que acabasse com o Senado, a figura de primeiro-ministro, e permitisse a reeleição.
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Massivos protestos populares vêm ocorrendo sucessivamente há mais de um ano no Haiti e se intensificaram no último período. Os manifestantes pedem a renúncia do presidente Moïse, que é acusado de crimes de corrupção, entre outros.
Nesse domingo (14), milhares de cidadãos saíram às ruas da capital Porto Príncipe para denunciar o governo ilegal de Moïse, o desrespeito à Constituição e a conivência do corpo diplomático dos EUA no país, que, segundo os manifestantes, segue dando apoio ao presidente ilegítimo.
#Haiti's Airport Crossroads, where protesters often gather, was named RESISTANCE CROSSROADS in 2019. Thousands gathered today against dictatorship and imperialism.
Lots of Black Lives Matter signs. pic.twitter.com/FMt3HQKfgG
— Madame Boukman – Justice 4 Haiti 🇭🇹 (@madanboukman) February 15, 2021
WATCH: Message to US Ambassador to #Haiti Michele Sison, who lies on our constitution to keep her puppet dictator in power.
"Sit your ass somewhere and stop interfering in our nation. Haiti is for Jean Jacques Dessalines and his children. It's not for Lincoln, Bush or Clinton." pic.twitter.com/vceRFLWm7T
— Madame Boukman – Justice 4 Haiti 🇭🇹 (@madanboukman) February 14, 2021
*Com informações de Telesur e Haiti Libre.