Após ter seu nome aprovado pelo comitê da Petrobras na semana passada, o conselho de administração da estatal confirmou nesta segunda (28) a nomeação de Caio Paes de Andrade para presidir a empresa.
Mas tanto a Federação Única dos Petroleiros (FUP) como a Anapetro (que representa os petroleiros que são acionistas minoritários da empresa) já anunciaram que vão tentar barrar o nome na Comissão de Valores Imobiliários (CVM), porque a falta de experiência de Andrade contraria as regras da empresa.
"A ação popular vai pedir a anulação da aprovação de Paes de Andrade no Comitê de Elegibilidade e no Conselho de Administração da companhia", afirmou por meio de nota a advocacia Garcez, representante da Anapetro que recorrerá à CVM.
Na sexta (24) tanto a FUP como a Anapetro já haviam emitido nota conjunta anunciando que vão recorrer à justiça comum contra a nomeação de Paes de Andrade por "ato lesivo à administração pública pela indicação de pessoa sem experiência para o cargo".
10 anos na área
A Lei das Estatais, sancionada em 2016 pelo então presidente Michel Temer (MDB), determina que presidentes de companhias públicas tenham experiência de pelo menos 10 anos no setor da empresa a qual dirigem.
Mas Andrade nunca trabalhou numa empresa do setor de energia ou petróleo. Ele formado em Comunicação Social e diz ter pós-graduação e mestrado em Administração. Ele foi presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e é atual secretário especial Desburocratização, Gestão e Governo Digital, ligado ao Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes.
"O senhor Andrade não possui notório conhecimento na área, além de ser formado em comunicação social, sem experiência no setor de petróleo e energia", diz a Anapetro.
De acordo com a associação, além de não ter experiência exigida para o cargo, Andrade não apresentou certificados de conclusão dos cursos que diz ter feito em universidades de Harvard e de Duke, nos Estados Unidos.
"O governo trata a Petrobras como uma empresa de fundo de quintal em total irresponsabilidade", criticou Mario Dal Zot, presidente da Anapetro. "Os impactos financeiros negativos dessas trocas constantes e a tentativa de nomeação de pessoas não capacitadas, como parece ser o caso, demonstram que o governo quer interferir na gestão da empresa para depreciar ainda mais seus ativos."
Só no governo Bolsonaro, a Petrobras já teve três presidentes e um presidente interino. Andrade seria o quarto a chefiar a estatal só em 2022.