Ele é um bom policial. Aprendeu tudo direitinho. Mas reclama sem parar porque não pode nem matar um bandido “sem que encham o seu saco”. Álcool, ou droga, ou remédios para aguentar a barra. Ela é uma boa policial, mas há insatisfação demais dos outros policiais. Ela não aguenta mais tanta reclamação. Ela quer fazer aquilo que une a polícia. Enrolar a mídia, ajustar B.O. Ela reclama.
A sociedade parece querer uma polícia que a polícia não quer. Deformação profissional é a corrupção do caráter que uma profissão pode gerar em seus trabalhadores. Luta entre pressões sociais e pressões profissionais. Pressão demais que cede ou explode. Ceder faz com se ache normal perseguir, cercar, coagir pessoas que ocupam uma terra improdutiva para viver e produzir.
Aí o policial faz mais do que lhe é pedido, do que a lei diz. A imoralidade se dissolve por toda a corporação. Os créditos são individuais. Policial padrão. Policial caveira. Endurecer com pobre vale a pena. “Seja policial padrão”. Policial alienado. “São as ordens”. “Povo preguiçoso”. “Comunistas”.
O que sentir por uma polícia que não se envergonha de fazer mais do que é o seu serviço quando é para proteger propriedade improdutiva, quando é para constranger passeata de esquerda, mas que faz menos do que o seu serviço quando se precisa da justiça que nunca é feita?
“Esqueça tudo e vá ser padrão, vá ser operacional, vá ser caveira!” Que graça teria viver em uma sociedade melhor, mais justa se é no caos que se valoriza o caveira. Eu entendo sua angústia mesmo que você não entenda. Você foi doutrinado e treinado para pensar que bom policial se encaixa nessa triste descrição. Aí quando alguém reclama, quando alguém filma, quando a esquerda lhe critica, você fica irritado. Por que estão me criticando se eu estou fazendo exatamente aquilo que me ensinaram a fazer? Por isso é que foi dito: desperta tu que dormes.