Curto e direto: “suspensão das reuniões de Acordo Coletivo de Trabalho” (ACT). Esse é o recado do coletivo dos sindicatos no momento em que a Copel, empresa estatal que distribui energia no Paraná, pode ter autorização de privatização.
Contra a iniciativa do Governo Ratinho Junior (PSD), trabalhadores da Copel e paranaenses vão ocupar as galerias da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) na terça (22), quarta (23) e quinta (24). Além da manifestação presencial, um abaixo-assinado já coletou mais de 19 mil assinaturas contra a venda da maior empresa do Paraná.
“Mais do que nunca, é importante sensibilizar a opinião pública, sociedade, jornais, igrejas, escolas, etc. Vamos mostrar à população que o discurso de que a Copel precisa ser privatizada não se sustenta”, argumenta o presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), Leandro Grassmann.
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A manifestação presencial nos próximos dias ganha força nas redes sociais. O abaixo-assinado, com meta inicial de 25 mil assinaturas, esclarece que “a Copel é a empresa pública que gera, transmite e distribui energia no estado do Paraná, construída com o suor e a participação do povo paranaense.”
A petição, dirigida ao atual governador e à Assembléia Legislativa do Paraná, tem objetivo de apresentar uma proposta legislativa sobre o direcionamento empresarial e gestão da empresa.
Entenda o caso
Em comunicado ao mercado financeiro na última segunda-feira (21), em Fato Relevante, foi revelado que o Governo do Paraná pode ficar com apenas 10% das ações que dão votos da Copel.
“O modelo de governança em estudo prevê que, uma vez implementada a Operação, o Estado do Paraná permaneça com participação relevante não inferior a 15% do capital social total da Copel e 10% da quantidade total de votos conferidos pelas ações com direito a voto de emissão da Companhia”, diz o comunicado.
Governador Ratinho Junior e presidentes da Copel e Copel Telecom comemoram privatização. / Rodrigo Félix /AEN
Contraditoriamente, em entrevista na sexta-feira (18), o governador afirmou o interesse em manter o controle majoritário da Copel. “A nossa ideia é fazer a Copel ser a maior empresa de energia elétrica do Brasil. A modelagem tem de ser estudada, mas desde que o Estado seja majoritário, isso é algo de que a gente não abre mão”, disse ao Valor.
Apenas no primeiro trimestre de 2022, a Copel gerou R$1,5 bilhão em EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), com um lucro líquido de 669,8 milhões de reais, amplificado por uma política de corte de pessoal. Apenas no ano passado, a empresa aumentou de R$ 2,5 bilhões para R$ 3,08 bilhões o que é pago aos acionistas. Alta de 23% que beneficiou, entre eles, o Governo do Paraná.