Os povos africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: na dança, na música, na religião, na culinária e no idioma. Em estados como a Bahia, Maranhão, Pernambuco e Alagoas, a cultura afro-brasileira é particularmente destacada em virtude da migração africana em massa. Assista:
Na música, a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da Música Popular Brasileira (MPB). Gêneros musicais de influência africana, como o lundu, deram origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais.
A africanidade é bastante presente na música da cantora Isaar, do Recife. Fazendo música há 25 anos, a artista canta, toca e compõe ao pé da percussão e instrumentos que têm origem nos tambores africanos.
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Isaar fala da alegria que pode ser compartilhada diretamente no continente africano. “Sempre gostei de escutar música e acho que já nasci com essa coisa do ritmo comigo. Minha música é pautada nessa festa, na nossa festa, no nosso festejar, na nossa alegria”, diz.
Entre os dias 25 de outubro a 11 de novembro, a cantora participou da turnê Valdi Afonjah e Isaar na África, que teve como proposta fazer um intercâmbio cultural da cultura afro-brasileira e africana.
Na turnê que incluiu shows, oficinas, gravação de músicas, documentário e pesquisa cultural, o pertencimento foi algo que marcou Isaar. “Foi uma alegria de se reconhecer, sabe? de chegar lá e dizer assim: poxa… é possível… é isso mesmo!”
Ela também ressalta as semelhanças entre as realidades: "A gente não tem noção do quanto a gente é invisibilizado, porque a gente não tá no lugar de ser visto, sabe? a gente foi pra passar quase 15 dias dentro de uma comunidade, mas quando a gente sai da comunidade que a gente anda por qualquer lugar na rua a gente se vê muito presente. Então, você ter essa noção de como somos diferentes, como somos complexos, como cada etnia tem sua identidade. e a gente é uma miscelânea dessas identidades”, ressalta.
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De volta ao Brasil
Agora, de volta ao Brasil, Isaar trouxe na mala e nas memórias um ingrediente que já fazia parte dos seus shows, mas que agora ganha um novo sentido.
“Ninguém voltou o mesmo dessa viagem. Todo mundo traz um pouco mais de alegria porque dá um certo sentido no que a gente tá fazendo. Percebemos que estamos no caminho que a gente acredita e segue acreditando”
A iniciativa entre os dois países mostra como a cultura brasileira possui em seu cerne a história de luta da população africana no território nacional e a importância de começar a compreender todos os impactos que esses acontecimentos ainda têm no presente.
Para conhecer o trabalho da Isaar e se aprofundar na turnê em África, acesse as redes @afonjaheisaarnaafrica.