A especialista em gênero e violência contra mulher Aparecida Gonçalves foi nomeada por Lula (PT) para comandar o Ministério das Mulheres, nesta quinta-feira (22). Hoje, ela já integra a equipe de transição do presidente eleito e trabalha como consultora em políticas públicas para o enfrentamento à violência de gênero.
Nos primeiros governos de Lula e Dilma Rousseff, Gonçalves ocupou o cargo de secretária Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres nos governos de Lula e Dilma Roussef (PT). Ela também já coordenou o processo de articulação e fundação da Central dos Movimentos Populares no Brasil.
Gonçalves também já foi assessora técnica e política da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher no Governo do Mato Grosso do Sul, entre 1999 e 2000, e assessora da Coordenadoria de Atendimento à Mulher da Secretaria de Estado de Assistência Social Cidadania e Trabalho de 2001 a 2002.
A nova ministra, natural de Clementina, no interior de São Paulo, foi candidata a vereadora pelo PT no Mato Grosso do Sul em 1988 e 2000. Ela também se candidatou ao cargo de deputada constituinte em 1986.
Durante uma entrevista feita em 2020 para o canal de Youtube Terra Sem Males, afirmou que a violência contra a mulher é um problema estrutural, mas que agravou significativamente durante a pandemia de covid-19.
“A cada nove minutos, uma mulher ou uma menina é vítima de estupro no Brasil. Em 2019, nós tivemos 60 mil estupros, segundo o FBSP. Nós vamos ver que três mulheres são assassinadas no país por dia. Uma mulher registra agressão pela Lei Maria da Penha a cada dois minutos. Essa é a realidade em que nós estamos efetivamente vivendo. São questões super importantes para gente pensar”, afirmou Gonçalves.
A nova ministra também criticou a atuação do governo de Jair Bolsonaro (PL) frente ao combate à violência contra as mulheres. “Quando você tem as maiores autoridades dizendo que mulher pode ser estuprada e espancada e quando você tem um sistema que manda a mulher para um lugar que não garante sua segurança, nós vamos ter um problema muito sério”, disse.
“Nós temos que pensar o que está acontecendo com a sociedade. Porque tem aumentado o número de estupro? Tem aumentado porque a sociedade está autorizando, quando questiona com que roupa a vítima estava. Isso é um debate que precisa ser colocado na sociedade. E não adianta dizer que nós vamos mudar simplesmente com leis. As leis fortalecem, mas nós precisamos fazer um pacto civilizatório”, afirma. “Tem que discutir dentro dessa concepção política, o que está pensado em termos de políticas públicas para as mulheres.”
Outros nomes confirmados:
Relações Institucionais – Alexandre Padilha
Secretaria-geral da Presidência – Marcio Macedo
Advogado-geral da União – Jorge Messias
Saúde – Nísia Trindade
Educação – Camilo Santana
Gestão – Esther Dweck
Portos e Aeroportos – Marcio França
Ciência e Tecnologia – Luciana Santos
Desenvolvimento Social – Wellington Dias
Cultura – Margareth Menezes
Trabalho e Emprego – Luiz Marinho
Igualdade Racial – Anielle Franco
Direitos Humanos – Silvio Almeida
Indústria e Comércio Exterior – Geraldo Alckmin (vice-presidente)
Controladoria-Geral da União – Vinícius Marques de Carvalho
Além deles, já foram confirmados os nomes de outros cinco ministros:
Fazenda – Fernando Haddad
Justiça – Flávio Dino
Casa Civil – Rui Costa
Relações Exteriores – Mauro Vieira
Defesa – José Múcio Monteiro