Você ficaria horrorizado – ou horrorizada – se no Brasil houvesse uma lei que proibisse meninas e mulheres adultas de frequentar escolas secundárias e universidades, públicas ou privadas. Saiba então que no Afeganistão milhões de mulheres estão proibidas pelo governo do Talibã de frequentar as instituições de ensino do país e foram atiradas para fora das salas de aula. É o mais gritante exemplo de misoginia institucionalizada do mundo.
“Essa medida de atrocidade cultural é exercida por uma facção fundamentalista religiosa legitimada como governo do Afeganistão pelos Estados Unidos, a OTAN, a ONU e outros países chamados de “primeiro mundo”
Essa medida de atrocidade cultural é exercida por uma facção fundamentalista religiosa legitimada como governo do Afeganistão pelos Estados Unidos, a OTAN, a ONU e outros países chamados de “primeiro mundo”. A legitimação ocorreu por meio de um acordo que, em 2020, previu retirar as tropas estrangeiras de ocupação que alimentou uma guerra de devastação interna que só trouxe ruínas ao país. Esse acordo entregou os trabalhadores e o povo afegão nas mãos de seus piores inimigos. As mulheres são as vítimas mais destacadas disso.
Essa aberração misógina está longe do Brasil? Em 2019, o jornal Correio Braziliense relatava que o bispo Emir Macedo havia declarado diante de fiéis que proibiu suas filhas de cursarem a universidade para não serem a “cabeça” do casamento.
Então, qual é a distância que existe entre esse líder religioso – com certo poder político – em proibir as filhas de frequentarem a universidade e ter a ideia de propor que parlamentares ligados à bancada da Bíblia apresentem no Congresso um projeto limitando os estudos das mulheres ao ensino médio? Não desacreditem nessa possibilidade, basta que haja um ambiente político propício e conveniência do grande capital em cortar gastos sociais. Nós vimos coisas bizarras ganharem terreno com Bolsonaro.
As mulheres afegãs estão resistindo e sendo perseguidas e mortas por isso. No Brasil, entidades como a CNTE, o ANDES, a UNE, a UBES deveriam estar na linha de frente de uma campanha pelo direito das mulheres afegãs à educação.