O Brasil de Fato publicou, em 21 de julho, importante matéria sobre as declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, mostrando-se disposto a doar (ele chamou de terceirizar!) as reservas cambiais brasileiras a um grande abutre do mercado financeiro mundial, a BlackRock. Essa doação seria hoje de 380 bilhões de dólares ou 1,8 trilhão de reais.
A quantidade de dinheiro estocada nas reservas cambiais, ou Fundo Soberano, é resultado dos chamados superávits primários, dinheiro que o governo deixa de gastar com questões essenciais à população para ter uma reserva que cubra eventualmente os juros da dívida pública e possíveis ataques especulativos à moeda nacional.
O Fundo Soberano é hoje um dinheiro do qual, em última instância, só o mercado financeiro, os banqueiros, podem se valer, embora legalmente esteja sobre o controle do governo. Trata-se de uma poupança nacional imposta ao povo com enormes sacrifícios às famílias trabalhadoras. Dinheiro que agora o BlackRock quer nos roubar.
Na França, recentemente, o tradicional jornal “Les Échos” (Os ecos), em editorial, estimulou o governo Macron a acabar com o Livret A (caderneta A), o equivalente à Caderneta de Poupança no Brasil, e passar aos bancos esse dinheiro dos trabalhadores.
Os 900 bilhões de euros (R$ 4,5 trilhões) formam um fundo estatal para a construção de moradias populares. A alegação para isso é de que o governo francês precisa gastar cada vez mais com suas forças armadas para a guerra e, portanto, tem que financiar seu funcionamento com os bancos.
No Brasil, as organizações dos trabalhadores não podem admitir que abutres como a BlackRock abocanhem nosso Fundo Soberano. É preciso discutir com o governo Lula o destino desses recursos para satisfazer as urgentes demandas sociais.