Um Dossiê lançado pela Fiocruz, em novembro de 2023, intitulado "Juventude, saúde e trabalho" fez um levantamento sobre o panorama do que o governo Lula enfrenta e enfrentará acerca da juventude nos próximos anos de governo.
O dossiê retrata o Sul como a região com mais acidentes de trabalho entre a juventude, sendo as principais profissões: alimentador de linha de produção; pedreiro; trabalhador agropecuário; motofretista; servente de obras; operador de máquinas fixas; técnico de enfermagem; açougueiro; vendedor de comércio varejista; e mecânico de manutenção de automóveis, motocicletas e veículos similares.
Ou seja, um conjunto de ocupações fortemente relacionadas com o trabalho manual. É importante considerar que esses dados não contemplam trabalhadores do setor de serviços, no que se refere a entregadores e motoristas de aplicativo, por exemplo.
No entanto, a juventude também vem sendo protagonista nas estatísticas de violência fora do trabalho. Tivemos o caso de Ana Caroline Sousa Campelo, jovem lésbica brutalmente assassinada em Maranhãozinho (MA). Carlos Gabriel Teixeira, morto em uma ação policial no Núcleo Bandeirantes, em Brasília. Karoline Alves e Luan Augusto, vítimas de um ataque ao seu colégio, em Cambé (PR). E a lista se estende quando o assunto é violência e a extensão do fascismo enraizado ideologicamente em nossa sociedade durante os anos de Jair Bolsonaro.
Todavia, a juventude não é só tragédia, a juventude é vista como categoria política por protagonizar importantes levantes ao longo da História.
Em 2023, jovens camponeses e da cidade de todo o Brasil e de países da América Latina se reuniram para o Acampamento da Juventude em Luta, por Terra e Soberania. Denunciaram os crimes cometidos pelo capitalismo, fortalecendo e massificando a pauta em torno de uma plataforma de lutas da juventude camponesa.
Depois de 8 anos sem espaço governamental para a juventude, foi retomada a Conferência Nacional de Juventude, em que se firmou a reestruturação da Secretaria Nacional da Juventude, o Conselho Nacional da Juventude, e a promessa de expansão da rede de Institutos Federais pelo país, com a construção de 100 unidades até 2026.
Na Conferência houve ainda o anúncio e aprovação do plano federal Juventude Negra Viva, que trata o ponto que mais afeta a juventude brasileira hoje, sobretudo a negra, que é a violência. O plano tem como objetivo reduzir as mortes violentas dos jovens negros para desconstruir o mito da democracia racial no Brasil.
2023 foi o ano de planejamento, da legitimação, da reconstrução e de desenhar políticas públicas que darão a estrutura necessária para a retomada de nossa Casa Comum.
2024 é o ano de levantar as vigas, os tijolos e o cimento, ou seja, fazer as ideias e planos se tornarem materiais. Para isso, a organização popular é fundamental, visto que dentro do próprio governo há os que querem se apossar de nossa Casa.