A partir de uma percepção de mudança na conjuntura tática eleitoral, com a eleição de Lula em 2022, o engenheiro agrônomo Guilherme Mazer (PT) acredita que há uma abertura para possível disputa dos rumos da prefeitura de Ponta Grossa, cidade localizada nos Campos Gerais do Paraná, considerada, até então, em qualquer roda de conversa, como certame de embates duros contra o conservadorismo.
Porém, o PT quer recuperar influência sobre a cidade. “A ideia é o PT protagonizar, governar contra essa lógica neoliberal de não querer governar para que os entes privados façam a gestão pública”, protesta.
Caso a esquerda na cidade seja exitosa, o que envolve no páreo, até aqui, também o deputado federal Aliel Machado (PV), isso romperia um jejum de vinte anos e quatro prefeituras alinhadas, na sequência, por PSDB, PPS (duas vezes) e, atualmente, PSD. “Mudando a conjuntura nacional, abre espaço para o campo popular quebrar essa continuidade”, acredita.
Em contraposição a este domínio local, Mazer vem da experiência de militância em solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tem um polo importante no conhecido acampamento e futuro assentamento, Emiliano Zapata, localizado nos arredores da cidade.
Sobretudo, Mazer extrai a experiência que teve como vereador do Mandato Coletivo do Psol – representado hoje pela professora Josi Kieras,como titular, ao lado de Ana Paula de Melo e João Luiz Stefaniak, única candidatura de esquerda hoje entre 19 nomes na Câmara de PG.
Em 2023, Mazer deixou o mandato, um rompimento de um quadrado que, porém, não resultou traumático ou pontas soltas, de acordo com ele. Então, filiou-se ao PT, embora afirme que segue contribuindo com o coletivo com o qual atuava junto. “Sairemos unificados provavelmente, não sabemos o formato”, pondera.
Mazer faz um balanço positivo, em que pesem os limites de um mandato institucional, mas da possibilidade de ampliação da representação, capilaridade e divisão de tarefas possível no interior de um mandato coletivo.
“Os partidos perderam força enquanto representação coletiva, e o representante eleito vocalizava a posição do partido. Então, um mandato coletivo reflete um novo coletivo maior”, reflete.
Pautas
Mazer fala em “Fortalecer o campo popular” em suas pautas e construções, priorizando políticas de soberania alimentar, e defende alinhamento com o governo Lula para a execução de políticas nos municípios.
Ele denuncia a desorganização atual dos serviços públicos no perímetro urbano de Ponta Grossa, apontando a necessidade do tarifa zero e criticando a privatização e terceirização de determinados serviços. “Temos hoje uma taxa de lixo das mais caras do Brasil, devido à privatização da coleta e tratamento. Queremos a municipalização dos serviços essenciais, baseado (no caso do lixo) em experiências como as de Maringá”, afirma.
Considera também a pauta de moradia importante. Hoje, a demanda reprimida em Ponta Grossa Mazer estima em 20 mil famílias. Na cidade, atuam movimentos populares, com ocupações recentes, caso da Frente Nacional de Lutas (FNL), integrante de mesas de negociação da campanha Despejo Zero.
Perspectivas
No sentido de Mazer, de ajudar a retomar o protagonismo do PT na cidade, uma vez que governou entre 2001 a 2004, com Péricles de Mello, recorda de nomes históricos como Padre Roque. Na visão de Mazer, “Ponta Grossa é uma cidade que têm movimentos sociais ativos, 34,91% dos votos do Lula contra Bolsonaro”, elenca.
Por fim, ele equipara sua perspectiva à da campanha de Guilherme Boulos em São Paulo, unindo demandas populares, de acordo com ele, e investimento em tecnologia e infraestrutura.
“Que as pessoas tenham acesso, mas também a uma cidade moderna. Como a China, que apresenta várias experiências inovadoras, desenvolvimento econômico, mas o fruto do desenvolvimento tem que ser distribuído em serviços para a maioria da população, uma cidade que seja bonita, bem cuidada, com lazer, cultura e esporte, o que é para toda a população, não só para os setores econômicos”, orienta.
Quem é?
Guilherme Mazer. Engenheiro Agrônomo, com mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, 37 anos