A pouco mais de cinco meses do primeiro turno das eleições municipais, o Partido dos Trabalhadores (PT) em Curitiba ainda não bateu o martelo sobre suas estratégias eleitorais para outubro.
Passado o episódio de votação apertada no diretório municipal sobre a candidatura própria do PT à prefeitura, o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), ligado à direção nacional, decidiu, em março, que o Diretório Nacional (DN) centralizaria a decisão sobre a posição da sigla nas eleições na capital paranaense e em outras quatro capitais.
Nesta semana, o grupo que defende a candidatura própria enviou uma carta à direção municipal do partido pedindo que os debates sobre a posição do PT nas eleições locais sejam retomados, uma vez que, até o momento, o diretório nacional não marcou uma reunião para discutir a situação em Curitiba.
As posições sobre as táticas eleitorais do partido estão polarizadas. De um lado, a corrente majoritária, apoiada pela direção estadual da Federação Brasil da Esperança, defende uma política de frente ampla, tendo como nome preferido para encabeçar a chapa o deputado federal e ex-prefeito Luciano Ducci, do PSB.
Do outro lado, tendências internas defendem que um petista lidere a candidatura da federação na cidade, sugerindo nomes como os da deputada federal Carol Dartora, do deputado federal Zeca Dirceu e do advogado Felipe Mongruel.
Carta
A reportagem do Brasil de Fato Paraná teve acesso ao documento entregue à direção municipal. Entre outras solicitações, o grupo intitulado "Movimento Em Defesa do PT e da Candidatura Própria em Curitiba" pede que seja realizada uma reunião da direção municipal, ampliada para a militância petista, para avaliar o cenário e apontar caminhos para o PT.
A carta critica a "paralisia" causada pela falta de debate sobre o cenário político e considera "inaceitável a passividade da direção municipal", que tem apostado numa aliança com uma candidatura "próxima de nossos adversários", referindo-se ao apoio à pré-candidatura de Ducci.
Milton Alves, signatário da carta, afirma que o grupo defende a reabertura do debate para que haja definições, inclusive em relação à chapa de vereadores. "Estamos há mais de dois meses paralisados. Houve, na prática, uma intervenção. Houve uma definição de candidatura própria e aliança, mas a direção nacional suspendeu o encontro e chamou para si a decisão, que até agora não foi tomada. Enquanto isso, as candidaturas estão paralisadas e os pré-candidatos não têm informações sobre prazos", afirma.
Cenário
Enquanto o cenário ainda é indefinido, fontes ouvidas pelo BdF PR afirmam que a tendência da federação é apoiar Luciano Ducci, mesmo que a candidatura do socialista tenha rejeição por setores petistas.
A queda nas pesquisas, em decorrência da entrada do ex-senador e recém-desfiliado do PT, Roberto Requião, que aparece com 11% dos votos, um pouco atrás de Ducci, que tem 13,1%, de acordo com o último levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, acendeu um alerta entre os apoiadores da frente ampla, mas não o suficiente para desistirem do palanque do ex-prefeito.
Pelas redes sociais, o PT Curitiba anunciou, após uma reunião da direção municipal da Federação Brasil da Esperança, que reúne PT, PCdoB e PV, que as legendas realizarão uma convenção partidária no dia 20 de julho para definir a chapa de vereadores. A nota menciona que os representantes dos partidos "deliberaram sobre as próximas ações de organização do processo eleitoral" deste ano visando as eleições para prefeito.
Alves comenta que o grupo pela candidatura própria defende a definição mínima de um calendário interno. “É uma tentativa de estabelecer um calendário interno para debatermos a política, o programa do partido e uma série de medidas organizativas", conclui.
A reportagem entrou em contato com o gabinete do vereador e presidente do Partido dos Trabalhadores em Curitiba, Ângelo Vanhoni, mas não obteve resposta até o momento.