Oito famílias moradoras da rua Olga de Araújo Espíndola, no bairro Novo Mundo, sofreram na manhã de hoje (21), despejo forçado, após ação de reintegração de posse movida pela própria associação de moradores local, criada para negociar os lotes com a massa falida onde houve ocupação há mais de duas décadas.
A cavalaria da PM e Rotam acompanharam o procedimento com grande efetivo no local.
As famílias vinham se mobilizando e pedindo negociação e mediação junto ao poder público, uma vez que alegam impossibilidade de pagamento do preço das prestações da casa, onde estão de 15 a 20 anos.
A Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do Paraná emitiu parecer informal favorável à mediação, no entanto não foi convocada ao processo judicial. A Defensoria Pública do Estado, por sua vez, tem defendido as famílias e se posicionado de forma crítica a toda a situação – bem como a campanha Despejo Zero também se posicionou contrária à medida de despejo.
A advogada Bárbara Esteche considera que o contexto e os fatos observados neste período apontam a possibilidade de um loteamento irregular. Isso porque, no mesmo momento do despejo, enquanto oito famílias tinham que esvaziar suas casas, pertences, cães e bens pessoais, outras famílias que alegam comprar o lote já foram alocadas no local, conduzidas pela associação de moradores. O que mostra que ocorre venda de terrenos num local que deveria ser destinado à regularização fundiária.
Porém, tanto a vice-presidente da associação de moradores, Marcia Bueno, como o advogado da associação, que estavam presentes no local na manhã de hoje, recusaram-se a falar com a reportagem.
Pessoas tiveram que deixar suas casas e levar bens pessoais / Pedro Carrano