Apesar do apoio à Luciano Ducci, o deputado federal Zeca Dirceu prometeu recorrer da decisão. Em nota em suas redes sociais, o parlamentar prometeu ir ao Diretório Nacional do partido, para que o apoio a Ducci seja revisto.
''A Executiva Nacional do PT deliberou por apoiar Luciano Ducci, do PSB. Como já tinha ocorrido anteriormente, na instância municipal, também não se alcançou 2/3 dos votos. Diante disto, seguindo o que garante o estatuto, vou recorrer ao Diretório Nacional, a única instância partidária que pode dar palavra final nestas situações'', disse.
Já a deputada federal, Carlo Dartora, afirmou, também em nota pública, que irá discutir com seu grupo político sobre os próximos passos que irá tomar. ''Nesse processo eleitoral, continuo com meus ideais de construção de uma cidade justa, igualitária, sustentável, de combate à fake news e à desinformação, de luta contra o fascismo, o racismo, a xenofobia e o machismo. Recebo a definição do partido e, no momento oportuno, discutirei com meu grupo político sobre os próximos passos,'' afirma.
Desejo de Lula e da Federação
Os passos para a definição da aliança com Ducci passaram pelo Palácio do Planalto com apoio de lideranças do partido, e também da federação desde o final de 2023. Fontes ouvidas pelo Brasil de Fato Paraná na Federação Brasil da Esperança no Paraná, que compreende além do PT, o PCdoB e o PV, apontam que apesar da indisposição de setores petistas em apoiar o ex-prefeito, na federação e também para dirigentes nacionais petistas, inclusive o próprio presidente Lula, a aliança era central. ''Estar com Ducci nesse momento é ampliar a base de apoio do presidente Lula no estado, inclusive, costurando essas frentes em outras cidades no estado'', afirmou um dirigente que preferiu não de identificar.
O cálculo do presidente Lula para Curitiba também passaria na melhor viabilidade de Ducci nas urnas. Em março, durante uma entrevista ao jornal da Rádio Banda B, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann já havia também de certa forma traduzido o desejo do presidente Lula ao defender a costura com o PSB na capital.
''Entre os partidos que disputaram conosco em 2022, nós temos o PSB apresentando a candidatura de Luciano Ducci, que aparece bem colocado nas pesquisas. Nós avaliamos que o melhor passo para o PT em Curitiba seria uma aliança para apoiar Luciano Ducci”, afirmou à epoca.
Divergências expostas
As redes sociais muitas vezes são um termômetro político e acabaram expondo as fissuras dentro do PT entre filiados e dirigentes por conta do apoio à frente ampla de Ducci. Em um comentário, Gerson Vieira, membro do coletivo de Cultura do partido afirmou que a ''a Direção Nacional interveio em Curitiba e decidiu pelos filiados como deve ser o jogo. O restante da tragédia vocês já sabem ou vão saber em Outubro, que não será vermelho''.
Já a ex-candidata a vice-prefeita pelo partido em 2020, Anaterra Viana que tem se manifestado favoravelmente a uma política de alianças mais amplas, afirmou que ''para existir renovação é preciso caminhar e construir essas renovações. Curitiba pode caminhar para isso. Mas, não será em processo de curto prazo'', afirmou ao responder um questionamento em seu comentário. Já Alexsandro Jorge, presidente do Sindipetro PR/SC saudou a "Frente ampla contra o fascismo". Luis Gringo, da Casa da Resistência, lamentou a decisão: "O esvaziamento da reunião, que não foi por causa do frio e da chuva, é uma mostra de como vai ser a campanha", afirmou.
Próximos passos
Mesmo com o questionamento de Zeca Dirceu, e críticas de setores do PT, agora o partido deverá seguir um calendário de debates programáticos sobre temas como habitação, transporte, educação, assistência social e meio ambiente. O grupo de trabalho eleitoral do partido em Curitiba deverá se reunir no dia 26 de junho, e o calendário da elaboração do programa de governo do PT para Curitiba iniciará no dia 4, indo até o dia 19.
A Federação Brasil da Esperança em Curitiba também terá um encontro no dia 20 de julho para definir chapa de vereadores e selar o apoio definitivo para Luciano Ducci.