E agora, professor/a?
Primeiro levaram o fundo de previdência e taxaram os aposentados, mas como não sou aposentado, eu não me importei;
Depois, impuseram provas para PSS, mas como sou concursado, eu não me importei;
Em seguida, congelaram os salários por seis anos, mas como tenho plano de carreira e PDE, não me importei;
De repente, cortaram a licença prêmio, diminuíram as horas atividade, colocaram tutoras para fiscalizar escolas, embaixadores para pressionar as escolas no uso das plataformas, diretores para vigiar as aulas, ferramenta de controle digital para produzir dados em tempo real, ranking de frequência, mas me prometeram bônus, eu não me importei;
Depois, extinguiram a carreira dos funcionários de escola, terceirizando a contratação, mas como eu não sou funcionário de escola, eu não me importei;
Em seguida, militarizaram 316 escolas, mas como a minha escola não seria militarizada, eu não me importei;
Sem delonga, fizeram parcerias com grandes empresários e fundações de bilionários, mas como as empresas dizem que sabem como resolver os problemas da educação e que o privado funciona melhor que o público, eu não me importei;
Mais tarde, me disseram que pertenço a um time, falaram em meritocracia, falaram que devo trabalhar por amor, que professor ganha bem, destruíram o plano de carreira, mas como afagaram meu ego e premiaram os melhores, eu não me importei;
Sem demora, demitiram alguns diretores que não se submeteram às metas empresariais, mas como me submeti, minha escola bateu as metas e ganhei um certificado de funcionário exemplar e um bônus no fim do mês, eu não me importei;
Agora, ele quer privatizar as escolas, entregando-as aos empresários, que irão encher os cofres, enquanto a educação e os educadores sangram….
….. mas como não me importei com ninguém….
É hora de se importar! Dá tempo. A hora é agora. Não permita que roedores destruam a educação pública paranaense, para satisfazer um pequeno grupo de empresários e funcionários públicos que se beneficiam da privatização.
Sim! Sabemos que muitos se importaram e continuam se importando. Essa é a hora de mais gente se importar e se importar mais!
Essa releitura do poema Intertexto, de Bertold Brecht com a pergunta inicial do poema E agora, José, de Carlos Drummond de Andrade. Que a poesia, a arte, a filosofia, a sociologia, a história nos ajudem a entender que precisamos nos importar e nos mobilizar, urgentemente!
O governador Ratinho Junior não tem o direito de destruir a educação pública no Paraná. Basta!
*Professor Regis Clemente da Costa, UFFS. Por 12 anos, professor de Filosofia, na educação básica no estado do Paraná
**As opiniões expressas nesse texto não representam necessariamente a posição do jornal Brasil de Fato Paraná