Apesar de o PSD, partido de Eduardo Pimentel, ocupar cargos no governo Lula, o vice-prefeito de Curitiba está se aproximando de figuras do bolsonarismo e da extrema-direita em sua pré-candidatura à Prefeitura de Curitiba. Em entrevista recente a uma rádio da capital, Pimentel afirmou que deseja o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras lideranças de direita para sua campanha eleitoral, destacando-se como um candidato de uma frente ampla de direita e que buscará alianças mais ideológicas para seu palanque.
"Estou sim buscando apoio do PL e do Novo, por exemplo. Também quero apoio do Jair Bolsonaro, das lideranças consolidadas, para mostrar que nossa candidatura é a garantia dos avanços da cidade", disse Pimentel. A aproximação gerou tensões e críticas entre aliados, como o atual prefeito Rafael Greca, especialmente em um momento em que Bolsonaro enfrenta um inquérito no STF sobre a tentativa de golpe de estado no dia 8 de janeiro de 2023, além do ''escândalo das joias''. Pimentel, conta com o apoio do governador Ratinho Jr., busca construir uma parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado. Essa aliança é facilitada pelo apoio do governador Ratinho Jr., com quem Pimentel já trabalhou como Secretário das Cidades do Paraná. Ratinho Jr. foi o responsável por negociar o apoio de Bolsonaro para a campanha de Pimentel, que é visto como o candidato do Palácio Iguaçu.
A costura política para garantir o apoio do PL foi mediada pelo governador Ratinho Jr., que se reuniu com Bolsonaro em Brasília. O PL possui um fundo partidário robusto e tempo de rádio e televisão significativos, elementos essenciais para a campanha de Pimentel. Contudo, as críticas de Greca complicam a situação, uma vez que Bolsonaro e seus aliados pressionam por uma composição mais alinhada ideologicamente.
A presença de Bolsonaro, no entanto, com seu histórico de questionamentos às instituições democráticas e a gestão controversa da pandemia, levanta preocupações sobre o futuro da governança municipal e entre aliados de Pimentel. Apesar da aproximação do vice-prefeito com o ex-presidente, o prefeito Rafael Greca, nesta semana, tentou minar a aliança entre PSD e PL. Durante a cerimônia de entrega do título de cidadão honorário do Paraná ao ex-governador paulista João Doria, Greca criticou duramente Bolsonaro pela gestão da pandemia de Covid-19. "Se a vacina começou no dia 18 de janeiro de 2021, dois dias depois nós abrimos o Pavilhão da Cura em Curitiba para começar a vacinar. Esse trabalho fantástico de lutar contra as trevas do mal e da morte, que desvalorizavam a vida e banalizavam o momento tão grave que nós vivíamos, desqualificando-a de ‘gripezinha’”, disse Greca. A declaração refletiu a resistência do prefeito à entrada de Bolsonaro na campanha de Pimentel.
Recentemente, Bolsonaro deixou claro que só participará da campanha em Curitiba se o PL estiver na vice na chapa de Pimentel, favorecendo Paulo Martins (PL) e enfraquecendo Marilza Dias, preferida pela equipe de Greca. Marilza foi recentemente afastada do cargo de secretária de Meio Ambiente. As declarações de Greca geraram forte abalo nas relações entre PL e PSD. No último domingo (14), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou diversas ligações exigindo do PSD um apoio formal à indicação de Paulo Martins (PL) como vice na chapa de Eduardo Pimentel (PSD). Esse movimento intensificou o desgaste, e membros do PL admitiram que as negociações para unir Pimentel e Martins na mesma chapa não progrediram, tornando incerto se haverá ou não uma aliança entre PSD e PL em Curitiba.
A disputa pela Prefeitura de Curitiba promete ser acirrada. A última levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, apontam Pimentel como líder nas intenções de voto, com 24%. A definição de seu vice e a manutenção do apoio do PL serão cruciais para consolidar sua candidatura, porém, a resistência interna e as críticas públicas ao bolsonarismo podem ser obstáculos significativos para a formação de uma frente ampla de direita em Curitiba. Apesar de Pimentel estar buscando uma frente ampla de direita, outros candidatos como Ney Leprevost (União Brasil) mantêm suas pré-candidaturas e buscam atrair apoios de figuras como o senador Sérgio Moro, cuja esposa, a deputada federal Rosangela Moro, foi convidada para ser sua vice. Leprevost (União Brasil-PR) recentemente afirmou que também buscará o apoio do Palácio Iguaçu. "Eu sou adversário do Eduardo Pimentel, não do Ratinho. Até porque, se eu for para o segundo turno contra o Luciano Ducci (PSB), espero o apoio do governador. E não se enganem: o Ratinho hoje apoia o Pimentel por estar comprometido com a candidatura dele, mas lá dentro do peito ele é Ney", disse o deputado. Isso pode rachar o palanque da direita, especialmente com a presença da jornalista de extrema-direita Cristina Graeml na disputa.