Em comunicado divulgado nas redes sociais na noite desta quarta-feira (16), o ex-governador Geraldo Alckmin rebateu as acusações de caixa 2 que teria sido pago a ele pela concessionária Ecovias, responsável pelo sistema Anchieta-Imigrantes. A acusação – no âmbito de investigação da Polícia Federal – foi feita em delação premiada por Marcelino Rafart de Seras, ex-presidente da empresa.
No comunicado, Alckmin levanta cinco questões: “Não conhece os termos da colaboração, mas sabe que a versão divulgada não é verdadeira; As suas campanhas eleitorais jamais receberam doações ilegais ou não declaradas; Todas as contas foram efetuadas sob fiscalização da Justiça Eleitoral e do próprio MP; No seu governo, inclusive, ordenou diversas ações contra os interesses de concessionárias, inclusive contra a suposta doadora; Lamenta que, depois de tantos anos, mas em novo ano eleitoral, o noticiário seja ocupado por versões irresponsáveis e acusações injustas”.
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O ex-governador afirma ainda que “seguirá prestando contas para a sociedade e para a Justiça, como é dever de todos”. Alckmin (sem partido) provavelmente será o vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência da República. O ex-tucano ainda não decidiu para qual partido irá após deixar o PSDB.
Lu Alckmin, Geraldo Alckmin, Lula e Rosângela da Silva, durante jantar realizado em São Paulo, em dezembro / Ricardo Stuckert
A PF e Bolsonaro
A delação premiada implicando Alckmin é encarada com desconfiança, inclusive pelo fato de Jair Bolsonaro ser acusado de interferir na PF de acordo com seus interesses e de sua família. Na famosa reunião de 22 de abril de 2020, ele prometeu interferir na corporação.
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Coordenador do Grupo Prerrogativas, o advogado Marco Aurélio de Carvalho afirmou à revista Veja que “não há surpresa alguma na tentativa de se atingir a honra do ex-governador Geraldo Alckmin, em especial agora quando o seu nome é cogitado para compor a chapa do ex-presidente Lula, franco favorito para as próximas eleições presidenciais”. Segundo ele, trata-se da “velha receita criminosa, oportunista e nem um pouco criativa”.
No final do mês passado, Bolsonaro exonerou o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Gustavo Maiurino, e nomeou Márcio Nunes de Oliveira para o cargo. É o quarto diretor-geral da PF sob o atual governo.
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Apesar da interferência, a delegada da PF Denisse Dias Ribeiro irritou o Palácio do Planalto e o clã Bolsonaro ao concluir em relatório que Jair Bolsonaro teve participação “direta, voluntária e consciente” no vazamento de um inquérito sigiloso da própria PF, divulgado por ele mesmo em suas redes sociais, em agosto de 2021.
Artigo original publicado em Rede Brasil Atual.