Movidos pela revolta e falta de perspectivas, homens aprisionados em cadeias superlotadas são conduzidos a engrossar as fileiras daquela que é hoje a maior organização criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Com os chamados "Salves" – comunicados divulgados a partir do interior do sistema carcerário –, códigos de conduta e uma comunicação articulada via WhatsApp, a facção ganhou 18 mil membros somente nos últimos quatro anos, segundo o livro A Guerra: A ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil. E agora se expande nos estados do nordeste.
Nas últimas semanas a Rádio Brasil Atual produziu uma série de reportagens sobre o Primeiro Comando da Capital. De acordo com os pesquisadores entrevistados, a facção, que se estabeleceu em São Paulo após o massacre do Carandiru, em 1992, cresceu em função das políticas de encarceramento em massa e das falhas nas gestões das secretarias estaduais de Segurança Pública e de Administração Penitenciária. Hoje, os especialistas calculam em 29 mil o total de membros da organização espalhados por todo o Brasil.
Para os pesquisadores e autores do livro A Guerra – Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil, Bruno Paes Manso e socióloga Camila Nunes Dias, a facção cresce com a omissão e até a anuência do Estado. “O PCC se estabeleceu porque estabelece ordem nos presídios, e essa ordem também é interessante para o Estado, eles quase terceirizaram o controle dos presídios”, afirmou Paes Manso.
Para o sociólogo Gabriel Feltran, professor da Universidade Federal de São Carlos e autor do livro Irmãos: uma história do PCC, “o mundo do crime produz políticas de segurança, e a dinâmica de paz e guerra entre as facções é relevante para entender o homicídio no Brasil”.
Confira a série completa:
Artigo original publicado em Rádio Brasil Atual.