Salve, salve, meu povo! Dias atrás, o prefeito de BH e ex-presidente do Atlético MG disse que futebol não é coisa para pobre. Então, nada mais natural que nossas arenas padrão Fifa tenham seus ingressos mais baratos na casa dos R$200.
A declaração coloca mais uma vez em questão a elitização do nosso futebol. E um pouco mais, eu diria. No Brasil, se o futebol não é público, também não é privado, ou ao menos não deveria ser. Ao contrário do que temos visto mundo afora, não temos clubes-empresas. Assim, é impossível que magnatas de qualquer parte do mundo comprem Cruzeiro, Atlético, Flamengo ou qualquer outro clube.
Não é difícil perceber que os verdadeiros donos dos times são seus torcedores. Mas, infelizmente, vários dirigentes insistem em agir como se fossem os donos, e parecem enxergar a paixão dos torcedores apenas quando lhes convém. O time está na zona de rebaixamento? Vamos colocar os ingressos a preços mais baixos! O presidente não está desempenhando bem sua função? Então, lá vem a oposição financiar torcedores para manifestações orquestradas.
Se o que move o futebol é a paixão, é justo que nossos dirigentes contemplem, sim, torcedores das mais variadas classes sociais, em todos os momentos do time. Ninguém pode ser considerado menos torcedor porque não tem condições de pagar o olho do cara.
Enquanto os clubes não passarem a valorizar a paixão como elemento principal do futebol, ao invés de torcedores, terão clientes que, com certeza, terão programas “melhores” para fazer com R$150 do que evitar o rebaixamento de seu time. Afinal, se o futebol não for “ajuda social” para o povo, não pode ser também luxo e privilégio de alguns.