O documentário “Comuna o nada: a organização popular que sustenta a revolução bolivariana” retrata o funcionamento atual das comunas venezuelanas, forma de organização popular idealizada em 2009 pelo então presidente Hugo Chávez, e terá apresentação gratuita nesta segunda-feira (24) às 17h na Casa Carlito Maia, região central de São Paulo.
O filme é uma produção do Brasil de Fato e sua exibição será seguida por uma roda de conversa com José Eduardo Bernardes, um dos seus realizadores, e Alexander Gil, da União Comunera.
Filmado durante o período eleitoral de julho de 2024, o curta-metragem de 30 minutos registra comunas em distintas regiões da Venezuela e como se desenvolveram desde 2010, quando a Lei Orgânica as instituiu.
As comunas
Inspirado na experiência chinesa sob Mao Tsé Tung do início dos anos 1960, Hugo Chávez defendeu a criação das comunas como forma de fomento à organização da sociedade econômica e politicamente a partir de articulação local e territorial. A ideia é prefigurar o socialismo a partir do pequeno.
Em 2012, um ano antes de sua morte, Chávez discursou em um Conselho de Ministros, com transmissão ao vivo, em uma fala que depois seria considerada o momento de virada (“Golpe de timón”, como foi chamado) para a implantação concreta das comunas.
Na ocasião, Chávez demandou de cada um dos seus ministros – entre os quais Nicolás Maduro, que então chefiava a pasta das Relações Exteriores – que tivesse a iniciativa com prioridade máxima. Atualmente há 3.662 comunas avalizadas pelo Estado na Venezuela e outras 1.578 em processo de formalização.
Entre os territórios filmados para o documentário está El Maizal, a maior comuna da Venezuela. A ocupação de terra feita por camponeses foi regularizada em 2009 e abriga 10 mil habitantes. Além de espaço de moradia, se tornou palco da produção de milhos, café, legumes, hortaliças, farinha de milho, processamento de carne, leite e derivados.
Durante o período agudo crise econômica da Venezuela, entre 2015 e 2018, El Maizal foi uma das comunas responsáveis pela distribuição de farinha de milho no país, feita por meio dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (Claps).
“O objetivo é que a comuna gere processos produtivos que lhe permitam ser autossustentável e que não dependam do Estado venezuelano, mas sim de seu próprio processo, que sejam dirigidas desde a mesma comunidade, em cada bairro, que todas essas células sejam auto governos bem fortalecidos e com controle territorial”, explica Angel Prado, antigo porta-voz de El Maizal e atual ministro das Comunas.