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Mesmo fora do governo, extrema direita deve crescer politicamente na Alemanha, diz analista

Ficar na oposição é mais vantajoso para a AfD, com os conservadores da CDU assumindo as pautas da extrema direita, aponta Stephanie Weatherbee da Assembleia Internacional dos Povos (AIP)

Com expressiva votação nas eleições da Alemanha, o partido de extrema direita Alternativa para Alemanha (AfD), segunda maior força no atual Parlamento, tem gerado temores dentro e fora do país de uma possível participação no futuro governo, uma vez que os conservadores da CDU, partido vencedor, precisam de alianças para formar governo.

Friedrich Merz, candidato vencedor que deve se tornar o próximo chanceler da Alemanha, tem mantido a tradição política do país de não permitir que a AfD faça parte de seu governo, mas por outro tem incorporado em suas propostas as políticas defendidas pela extrema direita, como o endurecimento contra os imigrantes.

Com suas pautas sendo defendidas pelo governo conservador da CDU, a AfD deve cescer politicamente na Alemanha mesmo fora do próximo governo.”É bom para eles ser oposição, porque se o CDU está fazendo o que eles já tinham pautado, de certa forma, que é uma política profundamente anti-imigrante, de manter toda a relação íntima com a Otan e com todo esse tipo de processo de vilificação da Rússia etc. Para eles ser oposição funciona bem, eles tendem a crescer nesse lugar”, aponta Stephanie Weatherbee, integrante da Secretaria Internacional da Assembleia Internacional dos Povos (AIP). “Quando a direita governa é que ela enfrenta problemas, porque não consegue resolver tudo aquilo que estava propondo na campanha. “

O crescimento da extrema direita na Alemanha foi o tema do episódio desta quinta-feira (27) de O Estrangeiro, podcast de política internacional do Brasil de Fato.

Nesse sentido, Weatherbee aponta que a AfD segue a mesma cartilha da extrema direita em outras partes do mundo e cita como exemplos o bolsonarismo no Brasil e o trumpismo nos Estados Unidos.

“Ela utiliza o espaço do Parlamento muito menos para avançar uma agenda legislativa, mas para criar fatos que colocam a visão dela para criar uma polêmica na sociedade. Propõe coisas que sabe que não tem como aprovar”, aponta.

Outra tática comum utilizada pela AfD são os ataques contra a oposição como “corrupta, parte do establishment“, que se assemelham com a acusação de “mamata” utilizada pelos bolsonaristas e a “casta” utilizada por Javier Milei para atacar seus opositores na Argentina e o “swamp” (pântano) nos EUA.

“Ataca as instituições democráticas, o Judiciário, a imprensa, o próprio funcionamento do Parlamento e finalmente se basta de uma linguagem muito sensacionalista para mediatizar, para fazer discurso que vai viralizar no TikTok”.

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