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Em clima de folia, Thiago França recebe idealizador do famoso bloco carnavalesco de SP, Baixo Augusta

Alê Youssef fala do poder transgressor da festa popular, que ganhou as ruas da cidade de São Paulo nos últimos anos

“Muita coisa, inclusive coisas muito ruins e, às vezes, coisas boas acontecem entre um carnaval e outro, mas ele sempre acontece”, comemora o produtor, empresário e idealizador do bloco Baixo Augusta, Alê Youssef. Na edição desta sexta-feira (28) do podcast Sabe Som?, ele conversou com Thiago França sobre sua relação com a festa mais popular do Brasil. 

No bate-papo, Youssef relembrou as duas vezes que assumiu cargos públicos ligados à gestão cultural da cidade de São Paulo e fez uma análise sobre as mudanças da capital paulista. “Na gestão da Marta [Suplicy], eu cuidei da Secretaria de Juventude e agora, mais recentemente, fui secretário de cultura e posso dizer uma coisa, a cidade é uma com o Carnaval de rua, e outra sem. Nas últimas duas décadas, houve uma expansão de toda a potência cultural da cidade, que sempre existiu, mas se dava basicamente dentro dos espaços culturais. Houve uma expansão para o espaço público”. 

Eles também conversaram sobre os hábitos culturais do brasileiro, quando Youssef trouxe uma pesquisa, patrocinada pela Fundação Itaú Cultural, apontando que 34% da população prefere música sertaneja, já a preferência por samba e pagode soma 29%. “Na minha primeira leitura, existe um grande movimento nacional em torno das rodas de samba, a gente vê em qualquer cidade do Brasil isso. E existe um grande movimento de valorização do Carnaval de rua em todas as capitais do Brasil”, analisa o produtor.

Ouça o episódio:

O direito à cidade também entrou na roda de conversa do episódio desta semana. “O movimento do Baixo Augusta sempre foi para colocar cultura e arte na rua, de disputar a cidade com os carros para fazer o Carnaval. É importante dizer: essa cidade foi transformada, sim, pelo Carnaval de rua, porque foi o primeiro grande movimento que começou a arrastar muita gente e dar densidade para tudo isso”, comentou Youssef. 

Ele complementa que, no início do bloco, a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab era contra o Carnaval de rua na cidade de São Paulo. “A gente tinha uma uma ação muito antagônica à prefeitura de São Paulo, que proibia a festa. Quando a gente surgiu, a gestão Kassab simplesmente proibia o carnaval de rua, a gente foi autorizado a desfilar na calçada”, lembra. 

Um passado carnavalesco

Durante a conversa, os dois também lembram que, no passado, a cidade de São Paulo tinha muitos blocos de rua. “Existe uma tradição que foi descontinuada, que foi proibida. Não era uma proibição propriamente dita, mas era um pesadelo, que você podia tentar e não ia conseguir fazer”, relembra o apresentador Thiago França. 

“A gente tem que voltar um pouco mais no tempo para lembrar que o Cai-Cai era um bloco que virou a Vai-Vai. A banda da Barra Funda era um bloco, que virou a Camisa Verde e Branco”, complementa Youssef.

O papo rendeu uma seleção musical com referências que atravessam a experiência de Youssef com o carnaval e com a história da cidade de São Paulo na festa popular. A playlist está disponível no Spotify.

O podcast Sabe Som? vai ao ar toda sexta-feira, às 10h da manhã,  e está disponível nas principais plataformas de podcast como Spotify e YouTube Music.

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