As quatro escolas que se apresentam hoje (2) na primeira de três noites de desfile na Marquês de Sapucaí trazem enredos com temática afro.
Quem abre o carnaval carioca é a Unidos de Padre Miguel, que entra na Sapucaí a partir das 22h. Com com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, a escola homenageia Iyá Nassô, princesa negra escravizada que fundou do primeiro terreiro de candomblé do Brasil, a Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador (BA). A casa foi aberta em 1820 e está em funcionamento até hoje. No ano passado, uma comitiva da Unidos de Padre Miguel foi ate o terreiro e recebeu apoio do conselho espiritual da casa para levar o enredo à avenida. No desfile, a escola vai destacar o papel das mulheres no candomblé e na própria agremiação carnavalesca .
Em seguida, entre 23h30 e 23h40, é a vez da Imperatriz Leopoldinense. Em 2025, a escola conta a história mitológica que deu origem ao rito das águas de Oxalá. Com o título “Ómi Tútú ao Olúfon – Água Fresca para o senhor de Ifón”, o enredo acompanha a tumultuada visita do orixá Oxalá ao reino de Oyó, governado por Xangô. Após descumprir as determinações de um babalaô, Oxalá enfrenta vários obstáculos na travessia e acaba preso. Uma série de situações dramáticas se espalha pelo reino até que Xangô ordena que os súditos levem água limpa à prisão para banhar Oxalá, restaurando assim a justiça.
A atual campeã do carnaval carioca, Unidos do Viradouro, começa o desfile entre 0h50 e 1h10. O enredo “Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos” narra a trajetória do líder quilombola João Batista, também conhecido como Malunguinho, que comandou o Quilombo do Catucá no século 19, no Norte de Pernambuco. Além de figura histórica, Malunguinho se tornou uma entidade religiosa celebrada no culto afro-indígena da Jurema Sagrada.
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Fechando a noite, a Estação Primeira de Mangueira entra na avenida entre 2h e 2h30, abordando a importância dos povos bantos, de Angola, na cultura, identidade e religiosidade do Rio de Janeiro. “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões” acompanha desde a chegada dos bantos escravizados ao Cais do Valongo até a influência dessa cultura nos dias de hoje.