O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse, nesta segunda-feira (3), que é hora de dar aos cidadãos de Gaza “liberdade para ir embora”, e elogiou como “visionário e inovador” o projeto de Donald Trump de remover por meio da força os moradores do território.
“O presidente Trump apresentou um plano visionário e inovador para a liberdade de migração de Gaza, e acredito que é uma visão que poderia ser apoiada”, disse Netanyahu em um discurso no Parlamento israelense.
“É hora de dar aos moradores de Gaza uma oportunidade real. É hora de lhes dar liberdade para ir embora”.
As declarações de Netanyahu – condenado por crimes de guerra cometidos desde outubro de 2023 em Gaza pelo Tribunal Penal Internacional – vão contra a proposta de dois estados aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Sabotagem israelense
O movimento islamista palestino Hamas acusou, nesta segunda-feira (3), Israel de ter atuado para “afundar” o acordo de trégua na Faixa de Gaza, que está atualmente em um impasse.
“As violações do acordo durante a primeira fase demonstram sem a menor dúvida que o governo de ocupação [Israel] queria afundar o acordo, e fez tudo o que era o possível para conseguir isso”, afirmou Usama Hamdam, uma autoridade do Hamas, em um vídeo.
“Nesse contexto, as recentes decisões de Netanyahu de adotar a proposta americana para prorrogar a primeira fase do acordo contradizem o acordado”, acrescentou. Segundo Hamdam, a pressão exercida por Israel para estender a primeira fase do acordo é uma “tentativa descarada de evitar negociar a segunda fase”.
A primeira fase do acordo, com uma duração de 42 dias, entrou em vigor em 19 de janeiro, após 15 meses de genocídio em Gaza, iniciado em 7 de outubro de 2023. As negociações deveriam ocorrer durante essa fase para então se chegar à segunda fase, que, segundo o Hamas, prevê “um cessar-fogo completo e permanente” e uma “retirada total” de Israel de Gaza.
Israel, por sua vez, quer que o Hamas liberte mais reféns como parte de uma extensão da primeira fase, em vez de passar para a segunda etapa do acordo. O governo de Benjamin Netanyahu insistiu que se reserva o direito de retomar os combates a qualquer momento para aniquilar o Hamas, caso ele não deponha suas armas.
No domingo (2), Israel disse que havia aceitado um compromisso dos EUA, rejeitado pelo Hamas, que previa uma extensão da primeira fase da trégua até o Ramadã e a Páscoa, ou seja, até meados de abril.
De acordo com Israel, o plano dos EUA estipula que “metade dos [prisioneiros israelenses em Gaza], vivos e mortos”, seria repatriada no primeiro dia de sua entrada em vigor. Os prisioneiros restantes seriam entregues “no final, se um acordo sobre um cessar-fogo permanente for alcançado”.
Diante da rejeição do Hamas, Israel bloqueou no domingo a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, onde cerca de 2,4 milhões de palestinos estão sitiados pelo exército israelense desde outubro de 2023, até novo aviso.
Ataque em israel
Israel sofreu nesta segunda-feira (3) o primeiro ataque mortal desde o início da trégua, em janeiro, cometido por um druso israelense que matou uma pessoa e feriu quatro na cidade de Haifa. Os drusos, seguidores de uma religião esotérica derivada do islamismo, formam uma minoria de língua árabe conhecida por seu patriotismo.
A polícia israelense disse que o druso “saiu de um ônibus e esfaqueou vários civis” antes de ser morto pelas forças de segurança. O Hamas chamou o ataque de “operação heroica”, mas não assumiu a responsabilidade.