O presidente do Panamá, José Raul Mulino, rejeitou nesta quarta-feira (5) o que chamou de “afrontas e mentiras” proferidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou que o Canal do Panamá estaria em processo de “recuperação”.
Em declaração publicada em suas redes sociais, Mulino garantiu que Trump “mente” e negou que o objetivo das conversas com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, tenha sido o futuro da propriedade do canal.
“Rejeito em nome do Panamá e de todos os panamenhos esta nova afronta à verdade e à nossa dignidade como nação”, disse o mandatário.
O presidente panamenho reafirmou que a cooperação entre os dois países continua, “com entendimentos claros, em questões de interesse mútuo”.
“Não tem nada a ver com a ‘recuperação do canal’, nem com a manchar a nossa soberania nacional. O canal é panamenho e continuará a ser panamenho”, concluiu.
As declarações do presidente Mulino ocorrem logo após o discurso do presidente dos EUA no Congresso na noite desta terça-feira (4), quando se referiu à compra dos conglomerados portuários adjacentes às margens do Canal do Panamá pela BlackRock, uma multinacional com sede em Washington.
Movimentos populares contra o governo
As hostilidades de Trump e a postura do governo Mulino têm gerado protestos dos movimentos populares do Panamá. No mês passado, um grupo de organizações divulgou uma carta denunciando o que chamam de uma postura “humilhante” do governo panamenho ante a posição do governo Trump. Em documento assinado pela Frente Nacional pela Defesa dos Direitos Econômicos e Sociais (Frenadeso), os panamenhos questionam as medidas do presidente José Raúl Mulino de aproximação com os Estados Unidos.
De acordo com o grupo, o mandatário se comporta como “governador de uma colônia ianque”. Os movimentos destacam que as medidas tomadas recentemente pelo governo do Panamá fazem com que o país “abaixe as calças” para a Casa Branca. Entre as medidas, o grupo denuncia a presença de bases militares estadunidenses em território panamenho, além de um centro com porto e aeroporto para militares.
O grupo ressalta que o governo também aceitou receber os migrantes deportados pelos EUA, independentemente da sua nacionalidade, e disse que Mulino está entregando portos e aeroportos do Pacífico para os Estados Unidos.
*Com Telesur