O samba “Laíla de Todos os Santos” levou a Beija-Flor ao primeiro lugar do Carnaval carioca de 2025. Este ano, a tradicional agremiação homenageou na Marquês de Sapucaí um carnavalesco essencial para a história da escola.
Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, ou Laíla, esteve à frente do Carnaval da Beija-Flor desde a década de 1980 e levou a agremiação a 14 títulos. Ele morreu em 2021 e se tornou símbolo da escola de Nilópolis.
O desfile deste ano também marcou a despedida de Neguinho da Beija-Flor, puxador de samba enredo que esteve com a agremiação por 50 anos. Antes do desfile, ele fez uma previsão que se concretizou, dizendo que se aposentaria após a Beija-Flor desfilar com as campeãs no próximo domingo.
Na avenida, a trajetória de Laíla foi contada a partir da espiritualidade sincrética que marcou a vida do carnavalesco e a lembrança de momentos marcantes da participação dele no Carnaval.
A Comissão de Frente abriu o desfile com uma representação de Exu, que também inicia os xirês – festas das casas de candomblé. O primeiro carro alegórico trouxe a infância do carnavalesco, protegido pelo orixá Xangô, por Jesus Cristo e por Nossa Senhora.
Parceiro de Laíla em diversos enredos, Joãosinho Trinta também foi homenageado em um dos carros. Assim como a famosa escultura de Jesus Cristo mendigo, que em 1989 teve que ser coberta após causar polêmica com a igreja católica.

O segundo lugar do Carnaval carioca ficou com Acadêmicos do Grande Rio, com o enredo “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”. O desfile falou sobre os mistérios das águas do Pará e a rica cultura da região.
Imperatriz Leopoldinense, que ganhou o Estandarte de Ouro este ano, ficou em terceiro lugar, com o tema “Ómí Tútu Ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, que narrou o mito da viagem do orixá Oxalá à terra para visitar Xangô.

O Desfile das Campeãs está marcado para o próximo sábado (8), a partir das 10h da noite na Marquês de Sapucaí.
Multas e notas
Com apenas quatro notas 10 entre 36 pontuações, a Unidos de Padre Miguel recebeu a avaliação mais baixa e estará fora do grupo especial no ano que vem. A agremiação ficou mais de 50 anos na Série Ouro, voltou ao desfile principal este ano, mas teve curta trajetória na categoria.
A tradicional escola da Zona Oeste desfilou com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, uma homenagem aos 200 anos do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, mais antigo do Brasil ainda em atividade.
Mocidade, Salgueiro e Portela foram multadas porque tiveram mais de 30 membros da diretoria na avenida. O valor da penalização é de R$ 250 mil para cada escola. Já a Unidos da Tijuca recebeu multa de R$ 80 mil por não retirar as alegorias da pista no tempo definido.
O corpo de jurados este ano foi composto por 36 pessoas, escolhidas por sorteio e que acompanharam os desfiles em cabines de observação na Marquês de Sapucaí.
Cada um dos nove quesitos avaliados teve quatro jurados e juradas. As menores notas foram desconsideradas e apenas 3 entraram no cálculo final. As notas vão de 9 a 10, incluindo decimais.
A apuração da Série Ouro, que vai definir a escola que entrará no grupo especial, está marcada para esta quinta-feira (6).