Dias após o filme Ainda Estou Aqui receber o primeiro Oscar do cinema brasileiro, o deputado estadual de São Paulo Guilherme Cortez (Psol) apresentou um projeto de lei para mudar o nome da rodovia Castelo Branco para rodovia Eunice Paiva.
Na proposta, Cortez argumenta que o ex-presidente Castelo Branco foi um dos principais articuladores do golpe de Estado 1964, que instaurou a ditadura militar. Durante o período, o ex-deputado federal Rubens Paiva, marido de Eunice, foi assassinato por agentes de Estado, fato retratado em Ainda Estou Aqui.
“Segundo o Arquivo Nacional do Centro de Referência de Acervos Presidenciais, Castelo Branco, promovido a general-de-Exército em 1962, foi um dos principais arquitetos do golpe que depôs o presidente João Goulart, assumindo a presidência da República por meio de eleição indireta em 15 de abril de 1964″, escreve o deputado.
Ele também argumenta que Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, foi “uma figura emblemática na luta pelos direitos humanos e pela justiça no Brasil”. Ela morreu em 2018, após conseguir que o Estado reconhecesse a morte de seu marido sob sua custódia.
A rodovia Castelo Branco liga a cidade de São Paulo ao interior do estado. Para que ela mude de nome, o projeto apresentado por Cortez precisa tramitar pelas comissões da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e ser aprovado no plenário da Casa. Depois disso, a lei ainda precisa ser sancionada pelo governador.
Em 2016, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou uma lei para mudar o nome do elevado Costa e Silva, popularmente conhecido como Minhocão, para elevado João Goulart. O então prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), hoje ministro da Fazenda, sancionou a lei.