O presidente do Equador, o ultraliberal Daniel Noboa, ofereceu, nesta sexta-feira (7), um “indulto” preventivo a policiais e militares atuantes na região do porto de Guayaquil, no sudoeste do país, onde vários choques armados entre facções já deixaram dezenas de mortos – 22 pessoas morreram e três ficaram feridas somente na última quinta-feira (6).
A guerra de Noboa, alegadamente contra o crime organizado, colocou diversas regiões do país em estado de exceção há mais de um ano, inseriu militares nas ruas e foi questionada por organizações de direitos humanos por supostos abusos, assassinatos e desaparecimentos forçados.
“Todos os policiais e militares que atuaram e vão ser enviados a Nueva Prosperina, no noroeste de Guayaquil, contam desde já com indulto presidencial”, disse o governante no X.
No poder desde 2023 e buscando a reeleição no segundo turno das eleições presidenciais em abril, o presidente de extrema direita Noboa acrescentou que o governo precisa que as forças de segurança “atuem com determinação e sem temor de represálias”. “Defendam o país, eu defendo vocês”, enfatizou o mandatário, que ganhou as eleições antecipadas de 2023. Em 13 de abril, Noboa enfrentará n osegundo turno a candidata de esquerda Luisa González.
Ele anunciou a proteção para policiais e militares depois de registros de violência na quinta-feira (6) no setor de Nueva Prosperina, onde um rígido estado de exceção está em vigor há dois meses e cujos portos estratégicos são os mais utilizados do país para o envio de cocaína para Estados Unidos e Europa.
O Ministério Público confirmou nesta sexta que 22 pessoas foram assassinadas e três feridas em três bairros da populosa área. Pelo menos 12 das mortes ocorreram no bairro Socio Vivienda, onde os criminosos desceram de um morro armados com rifles e pistolas para atacar casas, segundo a imprensa local.
Violação dos direitos humanos
O anúncio de Noboa também acontece meses depois da acusação de violação dos direitos humanos em dezembro que deixou a população em alerta. Quatro meninos, entre crianças e adolescentes, foram capturados por militares em Guayaquil, e seus corpos depois apareceram queimados perto de uma base da Força Aérea nos arredores do desaparecimento. Dezesseis militares estão sendo investigados pelo crime.
Em Nueva Prosperina, duas facções do grupo Los Tiguerones, um dos mais poderosos do país, se envolveram em vários confrontos pelos “benefícios das economias criminosas que se enfrentam nestes setores”. As facções rivais Igualitos e Fénix surgiram dessa organização, que está entre as 20 com ligações a cartéis internacionais e são rotuladas de “terroristas” e “beligerantes” por Noboa.
“Realizamos cerca de 200 incursões na noite de ontem [quinta-feira] e na madrugada de hoje”, disse à imprensa o general Pablo Dávila, chefe de polícia de Guayaquil, acrescentando que a operação deixou 14 pessoas detidas, incluindo dois menores.
O Equador, com uma população de cerca de 18 milhões de habitantes, viu a violência relacionada e estes grupos aumentar a taxa de homicídios do Equador de seis a cada 100 mil habitantes em 2018 para 38 em 2024.
*Com AFP e Primicias