A família da cicloviajante e artista Julieta Hernández estará presente no ato do Dia Internacional da Mulher nesta segunda-feira (10) no centro do Rio de Janeiro para denunciar irregularidades e morosidade do judiciário amazonense, além de exigir justiça para a artista venezuelana. Mobilização em memória da palhaça Miss Jujuba está marcada para às 16h, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB).
Julieta foi assassinada em Presidente Figueiredo, no Amazonas, pouco antes do Natal de 2023, quando ela foi atacada dormindo, estuprada e teve o corpo queimado. O corpo e parte da bicicleta da vítima só foram encontrados em 5 de janeiro de 2024.
Ao Brasil de Fato, Sophía Hernández, irmã de Julieta, explicou que a morte da Miss Jujuba foi classificada como latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte, negando o crime de gênero, mesmo tendo provas de que os itens da artista não foram vendidos e nem usados.
“O caso da minha irmã está se desenvolvendo de forma muito irregular. Estamos diante de uma situação gravíssima de violação de direitos humanos na cidade de Presidente Figueiredo, onde o promotor do caso já renunciou, depois uma juíza, e o último juiz acaba de ser indiciado por corrupção passiva e suborno, deixando o caso da minha irmã esquecido. Estamos diante de uma situação extremamente perigosa, em que os assassinos podem ser soltos devido à demora processual, pois nem mesmo a primeira audiência do caso foi realizada”, explica.
Segundo Sophía, a escolha da família por participar do 8M no Rio de Janeiro ocorreu pela relação que Julieta tinha com a cidade. Foi na capital fluminense que a palhaça Miss Jujuba nasceu. No ano passado, a artista foi homenageada com a Medalha Chiquinha Gonzaga, em cerimônia organizada na Câmara do Rio, pelo mandato da ex-vereadora Luciana Boiteux (Psol) que também instituiu o Dia Municipal da Mulher Palhaça Julieta Hernández, a ser comemorado no dia 27 de março.
“Estamos nesta cidade onde Julieta viveu tantas coisas lindas e intensas para prestar-lhe homenagem e pedir justiça! Este mês, o dia 27 de março, dia do circo no Brasil, mas também dia do nascimento de Julieta, também será comemorado como o dia da palhaça, em homenagem a Julieta Hernandez. É o primeiro dia dedicado às palhaças no Brasil e é em homenagem à minha irmã”, ressalta Sophía.
Na última semana, a família de Julieta se reuniu com a primeira-dama Rosângela da Silva; a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; a secretária nacional de Acesso à Justiça, Sheila Carvalho; e a presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM), Vanja Andréa Santos, para denunciar o caso e defender a criação de políticas públicas voltadas para a segurança de mulheres que viajam sozinhas.
“Conversamos sobre a violência sofrida por Julieta e como os casos de violência contra as mulheres vêm sendo tratados em nosso país. É inadmissível que mulheres não tenham a liberdade de ir e vir, de viajar sozinhas, de viver plenamente sem o medo e a possibilidade de sofrerem algum tipo de violência. Vamos seguir criando caminhos que visibilizem as mulheres e que tornem nosso país um lugar cada vez mais seguro para todas nós”, destacou Janja sobre o encontro em uma publicação no Instagram.