O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou, nesta segunda-feira (10), os resultados de fevereiro da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. O levantamento, feito mensalmente em 17 capitais do país, revelou que o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentaram em 14 delas entre janeiro e fevereiro. A capital com a maior alta foi Recife (4,44%), enquanto São Paulo apresentou o maior custo dos alimentos básicos (R$ 860,53). Em Brasília, o aumento médio foi de 2,15%.
Além de Recife e Brasília, as maiores elevações do valor do conjunto dos alimentos básicos aconteceram em João Pessoa (2,55%) e Natal (2,28%). Das capitais que participaram da pesquisa, apenas três apresentaram redução de valores: Goiânia (-2,32%), Florianópolis (-0,13%) e Porto Alegre (-0,12%).
Na comparação anual, entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, a pesquisa mostra que a alta nas capitais varia entre 13,22%, em Fortaleza, e 1,87%, em Vitória. As quedas aconteceram em Porto Alegre (-3,40%), Rio de Janeiro (-2,15%) e Belo Horizonte (-0,20%).
Em fevereiro de 2025, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 104 horas e 43 minutos, maior do que o de janeiro, de 103 horas e 34 minutos. Já em fevereiro de 2024, essa jornada foi de 107 horas e 38 minutos. Em Brasília, a média é de 111h56m, 6,8% maior que a geral.
A cesta básica comprometeu em média, em fevereiro de 2025, 51,46% do rendimento das famílias e, em janeiro, 50,90% da renda líquida.
Em fevereiro de 2024, o percentual ficou em 52,90%. Em Brasília, ele sobe para 55%, 7% maior do que a média nacional no mesmo período. Na capital do país, a variação do custo foi de 3,92% em um ano e 4,10% nos últimos 12 meses.
Cesta Básica em Brasília
- Valor da cesta 772,30
- Variação mensal (%) 2,15
- Porcentagem do Salário Mínimo Líquido (%) 55
- Tempo de trabalho 111h56m
- Variação no ano (%) 3,92
- Variação em 12 meses (%) 4,10
Comportamento dos preços dos produtos da cesta
Altas
Café
O café em pó subiu em todas as cidades pesquisadas, fruto da menor produção do grão no Brasil e Vietnã e da contínua demanda pelo produto. A alta varia entre 23,81%, em Fortaleza, e 6,66% em São Paulo. Nos últimos 12 meses, todas as capitais apresentaram taxas positivas, com destaque para Goiânia (113,98%) e Brasília (112,81%).
Tomate
O tomate aumentou em 15 das 17 capitais, principalmente em Recife (44,52%), Belo Horizonte (24,52%), Natal (22,12%) e Rio de Janeiro (20,75%). A alta acontece por causa do maior volume de chuvas e a menor oferta nas regiões produtoras da temporada de verão, que reduziram a oferta e a qualidade do fruto.
Carne bovina de primeira
O preço do produto aumentou em 11 capitais, com as altas oscilando entre 0,40%, em Natal, e 2,38%, em Vitória. Nos últimos 12 meses, o valor médio do quilo da carne aumentou em todas as cidades, variando entre 29,76%, em Brasília, e 13,89%, em Porto Alegre. O valor dos produtos tem oscilado bastante, por causa da maior oferta de animais para o abate e do maior volume de carne exportada.
Baixas
Óleo de soja
O preço do óleo de soja caiu em 16 capitais, com redução entre -7,68% em Salvador e -0,25% em Vitória, enquanto Belém teve alta de 0,78%. Em 12 meses, o preço aumentou em todas as cidades, variando de 24,49% em Porto Alegre a 36,87% em Campo Grande. A queda nos preços foi influenciada pela progressiva colheita da safra 2024/2025.
Feijão
O custo do quilo do feijão caiu em 16 das 17 capitais, com reduções variando de -5,35% em Goiânia a -0,13% em Fortaleza. Apenas Aracaju registrou alta (0,58%). Em 12 meses, todos os preços diminuíram, com destaque para Belo Horizonte (-32,29%). O feijão tipo preto também teve queda em todas as cidades, com reduções entre -7,93% em Vitória e -2,24% em Porto Alegre. A menor demanda e o avanço da colheita explicam a queda no preço.
Batata
O preço da batata caiu em sete das 10 cidades do Centro-Sul, com reduções variando de -14,79% em Belo Horizonte a -0,41% no Rio de Janeiro. As altas ocorreram em Campo Grande (14,18%), Curitiba (3,24%) e Vitória (2,59%). Em 12 meses, o preço caiu em todas as capitais, com destaque para o Sul: Porto Alegre (-67,45%), Florianópolis (-60,51%) e Curitiba (-57,17%). A colheita aumentou a oferta, mas as chuvas afetaram a qualidade do produto, elevando os preços em algumas cidades.
Arroz agulhinha
Em fevereiro de 2025, o preço do arroz agulhinha caiu em 13 das 17 cidades, com variações entre -4,03% em João Pessoa e -0,31% em Belém. Não houve mudança em Campo Grande, enquanto Aracaju (4,12%), Brasília (1,96%) e Fortaleza (0,67%) registraram altas. Em 12 meses, 14 cidades apresentaram queda no preço, com destaque para Porto Alegre (-15,25%) e Goiânia (-11,61%). Salvador (2,81%), Fortaleza (1,50%) e São Paulo (0,52%) tiveram aumentos. A redução no preço foi influenciada pela proximidade da nova safra, necessidade de liquidação de estoques e falta de compradores.
Salário mínimo
Com base no valor da cesta mais cara e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese também calcula o valor do salário mínimo. Em fevereiro, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 7.229,32 ou 4,76 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.518,00.
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