“O Brasil precisa de uma legislação que regule como as empresas chegam nos territórios, que tem sido em forma de agressão e violação de direitos”, afirma, em nota, Roselita Victor, coordenadora do Polo da Borborema e integrante da coordenação da 16ª Marcha pela Vidas das Mulheres e pela Agroecologia, que aconteceu na quinta-feira (13), em Esperança (PB), e lutou contra megaprojetos de energia eólica.

De acordo com a organização, a marcha reuniu aproximadamente 6 mil pessoas. “O que nós queremos é afirmar a importância que tem o território da Borborema na produção de alimentos, na construção da agroecologia e da convivência com o semiárido”, salientou Roselita Victor.

Além de mulheres da região da Borborema, localizada na Paraíba, o ato contou com a participação de representantes de outros estados do Nordeste, como Pernambuco e Rio Grande do Norte.
“Viemos aqui na Paraíba pedir encarecidamente que os governantes se sensibilizem e vão até os territórios, sintam na pele o que as comunidades estão sentindo. É uma luta pela vida, pela vida das nossas matas, da mãe terra. Para garantir o futuro dos nossos curumins”, comenta, em nota, o cacique Robério Francisco Maia, do povo indígena Kapinawá, de Pernambuco.
Francisca Barbosa, agricultora e integrante do Movimentos dos Atingidos pelas Renováveis, que participou da marcha representando o Rio Grande do Norte, faz, em nota, o seguinte relato: “quando eles chegaram lá, eu já vivia, mas eles não querem saber disso. Eles chegam onde tem criança e idoso e simplesmente implantam aquilo ali. Não dizem qual é o malefício, todo tipo de doença. A gente está pedindo socorro. É para isso que a gente está aqui marcha, nos fortalecer e sair pronto para resolver”.
Nesse contexto de luta por direitos e defesa dos territórios, a carta política desta edição da marcha denuncia “as inúmeras violações de direitos, os impactos negativos à saúde, à agricultura e ao meio ambiente provocados pelas grandes corporações da indústria de energia”.
Conforme a carta, a região da Borborema é responsável por produzir alimentos que são consumidos por diversos brasileiros, de cidades como João Pessoa (PB), Campina Grande (PB), Grande, Natal (RN), Recife (PE) e São Paulo (SP). Tangerina, laranja, limão, banana, abacate, pepino, feijão preto, feijão carioquinha e feijão macassar são alguns dos alimentos produzidos.

“Nenhum passo a mais para dentro do nosso território”, enfatiza a carta política da marcha, que também defende a agroecologia como um modelo alternativo de produção de energia renovável.
Construção da marcha
A marcha acontece em alusão ao Dia Internacional da Mulher, e é organizada pelas mulheres do Polo da Borborema, um coletivo de sindicatos rurais de 13 cidades do território da região paraibana, onde atuam 150 associações comunitárias, a EcoBorborema (associação de agricultores e agricultoras agroecológicos) e a CoopBorborema (cooperativa).
Participam também da construção da marcha, mulheres da Articulação do Semiárido Paraibano (Asa Paraíba), da Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa), da Rede Feminismo e Agroecologia, Rede ATER Nordeste, do GT de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia, do Movimento de Atingidos pelas Renováveis, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado da Paraíba (Fetag-PB) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).
Acesse aqui a carta política da 16ª Marcha pela Vidas das Mulheres e pela Agroecologia.
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