Por Mariane Pisani*
No final de 2023, Javier Milei assumiu a presidência da Argentina e, desde o início de seu governo, uma série de medidas neoliberais e de empobrecimento da população foram adotadas. Os(as) aposentados(as) argentinos constituem a parcela mais atingida e vivem uma verdadeira crise humanitária. Atualmente, mais de 60% dos aposentados(as) no país possuem uma renda abaixo da linha da pobreza, recebendo um salário de 279 mil pesos (aproximadamente 1.350 reais). O custo de vida, devido à alta inflação que assola o país, está na casa de 1.200.000 pesos (cerca de 5.800 reais) mensais. Assim, o valor da pensão não cobre 30% dos gastos estimados. Além da inflação desenfreada, alguns programas de seguridade social também foram cortados no governo de Milei. Em dezembro de 2024, o fornecimento gratuito de medicamentos de uso contínuo para aposentados(as) foi cancelado.
Desde o início de 2025, aposentados(as) têm se reunido todas as quartas-feiras, na Praça do Congresso da Nação, para protestar por dignidade. A polícia argentina, por sua vez, tem empregado força extrema para reprimir e dispersar os manifestantes. No dia 5 de março, torcedores do Club Atlético Chacarita Juniors se juntaram aos aposentados e, mais uma vez, todos foram duramente reprimidos com cacetetes e spray de pimenta. Na sexta-feira, 7 de março, a Coordenação de Torcedores (@coorddehinchas) e a Coordenação de Futebol Feminista (@coorfutfem) lançaram uma convocatória conjunta em suas redes sociais, chamando torcedores(as) – independentemente do clube – para comparecer à manifestação da semana seguinte, marcada para o dia 12 de março, às 17h, em frente ao Congresso da Nação. De imediato, torcedores(as) dos clubes Tigre, Deportivo Merlo, Ferro, River, Boca, Independiente, Racing, San Lorenzo, Vélez, Huracán, Lanús, Banfield, Gimnasia La Plata, Chacarita, Chicago, Estudiantes de Caseros, Temperley, Almirante Brown, All Boys, Atlanta e Excursionistas responderam ao chamado.
Se o governo e a polícia se prepararam para reprimir, os torcedores também estavam organizados para resistir. Em um cenário onde a política institucional falha em proteger os mais vulneráveis, foram os setores historicamente criminalizados – as torcidas organizadas – que assumiram a linha de frente da defesa popular. A narrativa oficial sempre tentou associar torcedores a violência e desordem, mas foi exatamente essa capacidade de articulação coletiva, construída nas arquibancadas, que garantiu a segurança de muitos aposentados e trabalhadores naquele dia. O futebol, para eles, nunca foi apenas um jogo, mas um espaço de pertencimento e mobilização. Neste texto, todas as pessoas que se manifestaram e conversaram comigo terão suas identidades preservadas por motivos de segurança.
Logo após a convocatória conjunta das Coordenações de Torcedores e Futebol Feminista, fui adicionada a um grupo de mensagens instantâneas, composto majoritariamente por torcedores(as) de um clube da capital bonaerense. Até o dia da manifestação, o grupo contava com mais de 60 pessoas. Desde o início, percebi que ali havia torcedores(as) de torcidas organizadas, mas também torcedores(as) autogestionados, ou seja, não agremiados a nenhuma torcida.
Desde o começo, ficou claro que o principal objetivo era deixar de lado a rivalidade clubística e, juntos(as), proteger os aposentados(as) da ação truculenta da polícia. Um dos organizadores reforçava diariamente:
“As rivalidades clubísticas devem ficar da ‘porta de casa para dentro’. O ato de quarta-feira merece respeito, somos o punho da classe trabalhadora.”
Outra organizadora orientava para que ninguém comparecesse sozinho(a) e sugeria que todos(as) enviassem seus dados pessoais (nome completo e número de identidade) e mantivessem um contato de confiança na discagem rápida do celular para qualquer emergência.
Durante a semana, algumas medidas de segurança e proteção foram articuladas:
“A ideia é que cuidemos uns dos outros e respeitemos os torcedores de outros times. Vamos formar um cordão de isolamento ao redor dos(as) aposentados(as). Sabemos que é uma passeata pacífica, mas também devemos estar atentos às agressões da polícia.”
“Levem sacos de leite. Em caso de gás lacrimogêneo, não passem água nos olhos, pois arde mais – usem leite.”
“Molhem panos com leite e coloquem sobre os olhos e a boca.”
“Se possível, levem luvas, máscaras e óculos de proteção.”
“Vou levar um kit de primeiros socorros para casos de ferimentos por balas de borracha.”
“Levem uma troca de roupa, caso a polícia use jatos de água ou tinta.”
“Cuidado com infiltrados. Se virem alguém de calça jeans, tênis branco, pochete e cabelo curto, é policial disfarçado.”
“Planejem rotas de fuga caso a polícia avance. Não fiquem sozinhos(as) ou desgarrados(as) em nenhum momento.”
“Mulheres, amarrem os cabelos.”
“Não se exponham na frente da polícia.”
“Filmem tudo o que for possível.”
“Se forem presos(as), gritem seus nomes.”
“Mantenham a calma. Não corram.”
Enquanto os(as) torcedores(as) organizavam uma manifestação pacífica e segura, a Ministra da Segurança Nacional, Patricia Bullrich, postava em suas redes sociais que as torcidas envolvidas no ato eram barras bravas, ou seja, grupos violentos de torcedores organizados. Com esse pretexto, autorizou que a polícia empregasse medidas de repressão para garantir a “ordem e a segurança pública”.
No dia da manifestação, antes de sair de casa, acompanhei atentamente as redes sociais e vi no perfil @elgritodelsur um vídeo em que vários(as) torcedores(as) explicavam os motivos de sua presença na manifestação e o apoio aos aposentados(as). Algumas declarações:
“As torcidas e os torcedores fazem parte do povo, e esse governo não gosta do povo.”
“Esse governo se mete com os velhos, com os trabalhadores, com as mulheres, com as prostitutas, com as trans. Não sei para quem Milei quer governar, mas nós não temos nada a ver com ele.”
“Porque você vai ser aposentado, eu vou ser aposentado, todos vamos ser aposentados um dia.”
“Os aposentados são nossa gente, eles lutaram para que nós pudéssemos ter um futuro, por isso todos os torcedores estão aqui para defendê-los.”
“Estamos aqui porque temos avós, porque vamos ser aposentados um dia, e porque esse governo não é mais possível.”
“Eu estou aqui pela minha família, o que ganham de aposentadoria não chega até o fim do mês, tiraram os remédios deles.”
“Nos idosos e nas crianças não se toca, por isso estamos aqui apoiando.”
Segura de que seria uma manifestação pacífica, saí de casa por volta das 16h30. A caminhada da minha casa até o Congresso da Nação leva aproximadamente vinte minutos e, no caminho, na esquina das avenidas Callao e Corrientes, encontraria uma amiga para seguirmos juntas. Dali, seriam apenas mais quatro quadras até chegarmos à Praça do Congresso e nos encontrarmos com os(as) torcedores(as).
Caminhamos, minha amiga e eu, uma quadra e encontramos vendedores ambulantes, onde cada uma comprou um lenço branco com os dizeres:
“Aposentados em luta! Temos que ser muito cagões para não defender os aposentados” – Diego Maradona.
A frase foi proferida pelo ídolo argentino em 1992, durante uma manifestação dos(as) aposentados(as) em defesa de seus direitos. Mais adiante, também foi possível ver um motorhome todo decorado com as cores azuis e estampado com imagens de Maradona. Além disso, muitas pessoas vestiam camisas de seus clubes e seguravam cartazes onde se lia, em clara alusão à declaração da ministra Patricia Bullrich:
“Somos torcedores! Não somos barras bravas!”
Seguimos nossa caminhada. Na esquina entre Callao e Juan Perón, o cheiro de gás lacrimogêneo estava forte, e era possível ver e ouvir pessoas espirrando e tossindo. De longe, ouvíamos os barulhos dos tiros de bala de borracha, sempre constantes e ritmados. Assustada, abri o grupo de mensagens instantâneas. Alguns dos(as) torcedores(as), que estavam duas quadras à nossa frente, na Praça do Congresso, informavam que a polícia estava atacando torcedores(as) e aposentados(as) com gás lacrimogêneo, balas de borracha e cacetetes.
Decidimos percorrer uma rua paralela e continuar caminhando em direção à Praça do Congresso. Quando estávamos na rua Rodríguez Peña, fomos cercadas por um grupo de policiais de motocicleta e precisamos nos esconder atrás de uma banca de jornal para evitar os disparos de bala de borracha e gás lacrimogêneo, que eram efetuados sistematicamente. Todas as lojas estavam fechadas, os(as) trabalhadores(as) do lado de dentro, assustados(as), e nós, do lado de fora, na rua, apavoradas.
Escondidas entre a banca de jornal e um mercadinho, víamos, pelo reflexo do vidro, os policiais passando: enquanto um dirigia a motocicleta, o outro ia na garupa, de pé, apontando a arma para todos(as) nós. Parecia uma caçada: de um lado, a força estatal, representada pela polícia; do outro, aposentados(as), torcedores(as), manifestantes, crianças, mulheres e trabalhadores(as). A sensação era de que ninguém estava seguro(a).
Retrocedemos. Voltamos para outra esquina, agora entre Avenida Corrientes e Rodríguez Peña. Ouvi um barulho de tiro. Quando me virei, vi um destacamento de policiais, com armas em punho, fazendo um contorno para alcançar os manifestantes pelas costas. Eles estavam decididos a não deixar ninguém chegar perto da Praça do Congresso.
Decidimos que, por nossa segurança – afinal, éramos duas mulheres, sendo uma estrangeira –, não era mais possível permanecer ali ou mesmo participar da manifestação. No caminho de volta para casa, percorrido inteiramente a pé, passamos por ônibus da polícia que levavam manifestantes presos(as). Encontramos uma aposentada, também recuando. Conversamos com ela. Dona Lucila, entre indignação e coragem, nos disse:
“Sobrevivemos aos anos 1970. Iremos sobreviver a esse governo também.”
Ao chegar em casa, ligamos a televisão e abrimos as redes sociais. Até a madrugada, foi possível acompanhar, por meio das filmagens dos(as) manifestantes e jornalistas, as atrocidades cometidas pela polícia argentina:
- Uma aposentada de 81 anos foi golpeada na cabeça por um policial. Ao cair desmaiada, ele lhe deu as costas e seguiu sua caminhada.
- Um policial jogou um revólver no chão e, deliberadamente, afastou-se da arma.
- Viaturas foram abandonadas com as portas abertas no meio da rua. Pouco tempo depois, uma delas foi incendiada.
- O fotojornalista Pablo Grillo, ao se abaixar para tirar uma fotografia, foi atingido na cabeça por uma bomba de gás lacrimogêneo. Ele foi levado às pressas ao hospital, com traumatismo craniano e perda de massa encefálica. Até o fechamento deste texto, segue lutando por sua vida.
- Crianças de colo foram atacadas pela polícia com spray de pimenta.
- Pessoas caminhando nas calçadas foram agarradas pelas costas por policiais e levadas presas.
- Adolescentes e crianças saindo da escola técnica foram presos(as).
- A polícia atirou nos pés de uma mulher que estava parada no ponto de ônibus.
- Idosos exibiam os ferimentos provocados pelas balas de borracha.
- Pessoas algemadas estavam caídas sobre as calçadas, gritando seus nomes para as câmeras.
- Mais de 120 pessoas foram detidas.
A violência do Estado contra manifestantes não é novidade na Argentina. Da última ditadura militar (1976-1983) até as repressões de governos democráticos, a força policial tem sido um dos braços mais brutais da manutenção da ordem. O que se viu no dia 12 de março, no entanto, não foi apenas a dispersão de um protesto: foi a criminalização explícita da organização popular, um ataque direto àqueles que representam a resistência. Torcedores(as) e aposentados(as) tornaram-se alvos porque desafiam a narrativa oficial de que não há alternativa ao projeto neoliberal de Milei. Quando o Estado precisa recorrer à força para silenciar demandas legítimas, não há dúvida de que o medo está do outro lado.
Enquanto a polícia espalhava o caos e o medo, nas redes sociais, a ministra Patricia Bullrich afirmava que os(as) torcedores(as) não estavam ali para defender os aposentados(as) e publicou:
“Eles foram armados até os dentes para gerar caos e violência. Vamos denunciar penalmente todos os responsáveis. Pediremos a expulsão de todos os imigrantes presos. Levaremos ao Congresso a ‘Ley Antibarras’. A máfia do futebol termina aqui. Na Argentina, manda a lei, não os barras bravas e nem a esquerda.”
O que aconteceu naquele dia escancara o paradoxo da repressão estatal: enquanto a Ministra da Defesa tentava justificar a brutalidade da polícia alegando um suposto risco representado pelos torcedores, foram justamente esses mesmos torcedores que garantiram que o protesto fosse organizado e protegido. “Vamos formar um cordão de isolamento ao redor dos aposentados”, “se virem infiltrados, fiquem atentos”, “não deixem ninguém sozinho” – eram essas as palavras trocadas antes do ato. Enquanto o governo tentava pintar os manifestantes como criminosos, a realidade mostrava algo muito diferente: eram as mesmas pessoas que vibram nos estádios, cantam em coro por seus clubes e conhecem as ruas como poucos que estavam ali para defender quem mais precisava.
Assim, enquanto a ministra Patricia Bullrich tentava distorcer os acontecimentos e criminalizar os manifestantes, nas ruas, a violência do Estado era real, brutal e indiscriminada. A repressão não diferenciava torcedores, aposentados ou trabalhadores; todos eram alvos. Foi nesse cenário de caos e resistência que conversei com uma das torcedoras que participou do ato, e suas palavras traduzem a indignação e a coragem daqueles que enfrentaram a fúria policial naquela tarde.
“Estávamos bastante preparadas, pois achávamos que haveria uma manifestação com muitas pessoas – e assim foi. Também tomamos cuidado para proteger uns aos outros e, se possível, ajudar quem precisasse. Levamos máscaras, luvas, um kit de primeiros socorros e tínhamos pontos estratégicos para nos abrigarmos. A princípio, a manifestação foi tranquila, pelo menos do lado dos manifestantes. Mas o governo ocupou todas as ruas com barreiras policiais e caminhões-pipa, que jogavam água na gente. Pouco depois de algumas horas de concentração, a repressão começou. Eles começaram a lançar spray de pimenta e gás lacrimogêneo. A ideia deles era nos separar e dispersar a manifestação para as ruas laterais. Foi caótico ver idosos chorando, crianças sufocando por causa do gás. Não bastasse isso, mandaram até caminhões de bombeiros para nos reprimir! Foi uma loucura, as pessoas corriam para todos os lados, algumas atropelando outras! Optamos por resistir e ficar o máximo possível. E essa é a palavra-chave: RESISTIR! RESISTIMOS PELOS APOSENTADOS, POR NÓS E POR AQUELES QUE VIRÃO. É vergonhosa a resposta da Ministra da Segurança e todo o circo que montaram contra nós, o povo argentino. É lamentável!”
Não é coincidência que, diante da escalada autoritária do governo de Javier Milei, os(as) torcedores(as) tenham sido os primeiros a se levantar. O futebol sempre pertenceu ao povo, e qualquer tentativa de arrancá-lo desse lugar é recebida com resistência. Dos cantos de arquibancada que desafiam os poderosos às torcidas que transformam estádios em espaços de luta, o esporte segue sendo um refúgio para aqueles que não têm medo de contestar. Se os governos veem no futebol um território a ser controlado, os torcedores o veem como um espaço que deve ser defendido. E o dia 12 de março foi mais uma prova disso.
12 de Março de 2025 vai ficar para sempre marcado na minha vida como um lembrete brutal de que a violência do Estado não precisa de justificativas, apenas de um inimigo designado. Os inimigos, naquele dia, foram os(as) aposentados, os(as) torcedores(as), os(as) trabalhadores, as mulheres, as crianças. As cenas lamentáveis que se repetiam rua após rua – pessoas em fuga, comerciantes fechando as portas, policiais em motocicletas avançando sobre manifestantes, o cheiro de gás lacrimogêneo impregnando o ar e o som das balas de borracha cortando o tempo – reforçam o despreparo e o autoritarismo do governo Milei. Mas, se a repressão tinha método, a resistência tinha memória e mais ainda, tinha história. Porque resistir não é um ato de improviso, é um aprendizado que se faz coletivo, que é passado entre gerações de torcedores que sabem que o futebol, como o o seu próprio país, é território em disputa.
Foi no futebol que muitos ali forjaram sua primeira experiência de luta. Para esses torcedores, a arquibancada sempre foi um espaço de pertencimento e, ao mesmo tempo, de enfrentamento. Aprenderam cedo a organizar suas fileiras, a proteger seus companheiros, a reconhecer as estratégias da polícia e a transformar o canto em protesto. Naquele dia, a rivalidade clubística ficou da porta para dentro, como diziam no grupo de mensagens, porque na rua a luta era uma só. E eles e elas estavam preparados(as). Cada instrução trocada nos dias anteriores fazia parte de um código coletivo de resistência.
A união entre aposentados(as) e torcedores(as) vem como um lembrete: as ruas não pertencem às elites, nem ao fascismo, nem aos governos autoritários. A rua é do povo e o futebol também. E quando o povo se levanta, quando os(as) torcedores(as) rompem o cerco da repressão para defender suas famílias, seus bairros, seus idosos, a memória dos mortos e seus futuros, eles provam que o futebol não é apenas um jogo: é um campo de disputa política.
Não há símbolo mais forte ou movimento mais poderoso do que as novas gerações tomando as ruas para defender aqueles(as) que antes estiveram ali por eles. Os(as) mesmos(as) que décadas atrás resistiram às ditaduras, que sobreviveram às políticas de miséria, que viram amigos(as) desaparecerem e que agora, mesmo debilitados(as), ainda levantam suas vozes contra um governo que quer reduzi-los ao silêncio.
O medo que a policia e o governo argentino tentaram impor naquela tarde não venceu. Na próxima quarta-feira estaremos na Praça do Congresso novamente. Até porque se a violência do Estado foi meticulosamente planejada, a resposta foi dada. Ela ecou nos gritos dos(as) torcedores(as), nas faixas erguidas no meio do gás lacrimogêneo, no compromisso firmado dias antes para proteger os(as) aposentados(as).
O governo pode tentar apagar as imagens, criminalizar os manifestantes, reforçar o discurso da ordem, mas não pode mudar os fatos: no dia 12 de março, os(as) torcedores(as) tomaram as ruas e, com suas camisetas, suas paixões, seus cantos, lembraram à Argentina que ela ainda é um país que resiste. O futebol é parte fundamental que constitui esse povo e, como a história já provou, nenhuma ditadura e nenhum ditador sobrevive para sempre quando o povo ocupa as ruas.
*Mariane Pisani é antropóloga e professora na Universidade Federal do Piauí, leciona no Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAnt) e é Vice-Coordenadora do INCT Estudos do Futebol Brasileiro.