O vazamento de petróleo que atingiu os rios da cidade equatoriana de Quinindé no domingo (16) já afetou cerca de 15 mil pessoas. Os dados foram indicados pelo prefeito, Ronald Moreno. O acidente começou na última sexta-feira, em Esmeraldas, na fronteira com a Colômbia, e levou o governo do país a decretar emergência ambiental.
As autoridades afirmaram que o vazamento aconteceu depois de fortes chuvas registradas na última semana. Um deslizamento de terra atingiu a estrutura do Sistema Transequatoriano de Oleodutos (Sote). O petróleo que saiu da rede de oleodutos chegou aos rios que cruzam a cidade de Esmeraldas.
“Estamos afetados com 4.500 famílias, ou seja, cerca de 15 mil cidadãos que mal conseguem respirar neste momento”, afirmou Moreno. Ao todo, 2 mil famílias atingidas vivem nas margens dos rios. De acordo com ele, este é o “o pior vazamento de petróleo que tivemos nos últimos tempos”.
Todos os afetados enfrentam dificuldades para realizar atividades agrícolas básicas. Esses locais têm na produção familiar uma das principais formas de plantio e consumo de alimentos.
O vazamento contaminou ao menos 5 rios da região. O mesmo problema já havia acontecido no ano passado, mas as autoridades não fizeram o trabalho de prevenção.
O Comitê de Operações de Emergência (COE) nacional anunciou junto ao Ministério do Meio Ambiente a “emergência ambiental” em toda a província e no Refúgio de Vida Silvestre do Estuário do Rio Esmeraldas, reserva lar de mais de 250 espécies. Os órgãos também determinaram o fechamento temporário das praias de Las Palmas, Camarones e Las Piedras.
A empresa estatal Petroecuador disse que havia ativado um plano para atender a ocorrência, mas ainda não conseguiu estimar o volume que foi vazado das tubulações.
Dependência do petróleo e riscos ambientais
O Equador produz cerca de 475 mil barris de petróleo por dia, sendo 72% destinados à exportação. O SOTE, maior oleoduto do país, tem capacidade para transportar 360 mil barris diários ao longo de 497 quilômetros, atravessando as regiões da Amazônia, Serra e Costa do Pacífico.
Embora o governo tenha acionado protocolos de emergência, desastres como esse evidenciam os riscos da dependência econômica do país em relação à extração de petróleo. Nos últimos anos, comunidades indígenas e ambientalistas têm denunciado o impacto da exploração petrolífera sobre os ecossistemas amazônicos e o risco de contaminação de rios e aquíferos.
A extensão dos danos ambientais ainda está sendo avaliada. Enquanto isso, moradores de Esmeraldas aguardam respostas concretas sobre como o governo pretende lidar com a crise de abastecimento e a recuperação do ecossistema afetado.