Israel rompeu o cessar-fogo e voltou a bombardear Gaza na madrugada desta terça-feira (19). Segundo balanço atualizado do Ministério da Saúde do território palestino, 413 pessoas morreram. A maioria dos mortos é de crianças e mulheres, informou o órgão.
Os ataques levaram oficialmente ao fim da trégua entre Hamas e Israel, que iniciou sua primeira fase em 19 de janeiro, e romperam um breve período de calma na região, onde árabes islâmicos estão, neste momento, no mês santo do Ramadan.
Após a noite de intensos ataques, os moradores de Gaza receberam ordens do Exército israelense para que abandonassem as zonas fronteiriças, e os milhares de moradores que haviam retornado às suas casas destruídas por 15 meses de ataques por Israel, tiveram que procurar abrigo rapidamente.
Momen Qoreiqeh perdeu 26 membros de sua família nos ataques desta terça. “Era tarde da noite, e ficamos chocados com os bombardeios e ataques a Gaza, parecia com os primeiros dias da guerra”, relatou o palestino à agência de notícias Al Jazeera.
“Eu estava com a minha família e, de repente, teve um grande ataque no nosso complexo residencial. O ataque matou tantas pessoas da família, algumas nós ainda não recuperamos dos escombros”, relatou.
“Não há lugar seguro em Gaza”, disse o repórter da Al Jazeera Hani Mahmoud após os ataques da noite passada. Segundo ele, o enclave se tornou uma “caixa da morte”.
” O hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza, está lotada de vítimas chegando. Vimos famílias inteiras trazidas [mortas] para cá, incluindo uma família de 26 membros, com mulheres, crianças e idosos. Vimos uma mãe chorando sob o corpo de suas duas filhas”, afirmou o jornalista.
O repórter contou que o exército israelense “bombardeou casas e abrigos, pessoas que pensavam estarem a salvo por causa da trégua. Mas esse não foi o caso. Elas foram mortas dentro desses lugares”.
O diretor do hospital Al-Shifa, Muhammad Abu Salmiya, disse que “a cada minuto, uma pessoa morre por falta de recursos”. “Locais de saúde também estão com escassez de suprimentos hospitalares básicos necessários para tratar os feridos, como gaze e remédios para a dor.
Antes do bombardeio desta madrugada, Israel já bloqueava há duas semanas a entrada de caminhões com fornecimento de equipamentos, materiais e alimentos no território.
“Os médicos dizem que o desafio é enorme, e que o estoque de combustível está acabando, o que coloca as estruturas médicas em risco de colapso”, disse o diretor.
Para a Al Jazeera, a repórter Hind Khoudary disse que “a expectativa era que as pessoas fossem passar pelo menos o Ramadan sem nenhum ataque aéreo. Muitas pessoas já estão desaparecidas sob os escombros. Os palestinos estão desesperados e as famílias estão assustadas”.
No hospital Al Ahli, na Cidade de Gaza, Ramiz al Amarin, um deslocado palestino, descreveu o cenário à agência de notícias AFP: “O chão está repleto de cadáveres e pedaços de carne. Os feridos não encontram um médico que os atenda”.
*Com Al Jazeera e AFP