O deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB), conhecido por seu alinhamento ao bolsonarismo e por posicionamentos de extrema direita, está no centro de uma polêmica recente: sua oposição a projetos sociais, como a isenção de impostos sobre alimentos da cesta básica.
Na última semana, Cabo Gilberto foi um dos 26 deputados que pediram moção contra a proposta do governo Lula de isentar impostos sobre alimentos da cesta básica, como arroz, feijão, leite e carne.
O governo federal anunciou um pacote de medidas para conter a escalada dos preços dos alimentos. Entre as ações estão a isenção do imposto de importação sobre produtos da cesta básica, estímulo à produção de alimentos no Plano Safra, fortalecimento dos estoques reguladores e um pedido aos estados para que reduzam o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da cesta básica.
A medida, que integra a reforma tributária em discussão na Câmara dos Deputados, tem como objetivo reduzir o custo de vida para famílias de baixa renda.
A moção de repúdio, assinada por membros da oposição e até por representantes de partidos da base governista, acusa o governo de “intervenção econômica irresponsável” e de prejudicar a cadeia produtiva nacional.
Os deputados justificaram sua posição alegando que a isenção poderia prejudicar o setor agropecuário e aumentar a dependência do Brasil em relação a produtos importados. No entanto, a decisão gerou críticas de movimentos sociais e lideranças comunitárias na Paraíba.
“É lamentável ver um deputado que se diz representante do povo votar contra medidas que poderiam ajudar milhares de famílias paraibanas a terem acesso a alimentos mais baratos. Cabo Gilberto parece mais preocupado em agradar a base bolsonarista do que em defender os interesses reais da população”, comenta Maria do Socorro, liderança do Movimento de Mulheres em João Pessoa.
Investigação por atos golpistas de 8 de janeiro
Em março de 2023, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que fosse investigado o papel do deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB) nos atos extremistas de 8 de janeiro, que depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. O ministro também mandou o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara e a Polícia Federal apurarem a conduta do parlamentar.
O diretório do Psol na Paraíba pediu a inclusão do deputado no inquérito que apura “autoria intelectual ou instigação” dos atos golpistas. O partido destacou duas publicações de Cabo Gilberto no Twitter que, segundo a denúncia, incentivaram os ataques. Em uma delas, o parlamentar escreveu: “O povo não aguenta mais ser estrangulado por quem deveria ser o guardião da constituição federal” .
O Psol também incluiu na investigação outros políticos paraibanos, como o ex-candidato ao governo Nilvan Ferreira (PL-PB), o deputado estadual Walber Virgolino (PL-PB), a vereadora Eliza Virgínia (PP-PB) e a ex-primeira dama Pâmela Bório.
Defesa do deputado
Ao ser indiciado pela Polícia Federal, Cabo Gilberto se defendeu nas redes sociais: “Fui indiciado pela Polícia Federal do presidente Lula. Roubei? Matei? Trafiquei drogas? Pratiquei corrupção? Não! Apenas cumpri com o meu dever; fiz denúncias na tribuna da Câmara dos Deputados sobre a conduta do delegado Fábio, que está à frente de vários inquéritos ilegais contra inocentes brasileiros”.
Repercussão na Paraíba
Na Paraíba, estado onde foi eleito com mais de 100 mil votos, a atuação de Cabo Gilberto tem dividido opiniões. Enquanto parte de seu eleitorado apoia suas posições alinhadas ao bolsonarismo, críticos apontam que o parlamentar tem negligenciado as necessidades da população mais pobre.
A Rede de Mulheres também repudiou o voto do deputado contra projetos de igualdade salarial, reforçando as acusações de que ele prioriza pautas ideológicas em detrimento de políticas públicas que beneficiem a população.
Próximos passos da isenção de impostos sobre alimentos
A proposta de isenção de impostos sobre alimentos ainda passará por novas discussões no Congresso, e a atuação de Cabo Gilberto continuará a ser acompanhada de perto.
Veja os deputados que querem moção contra a isenção de impostos sobre alimentos proposta pelo governo Lula:
- Zucco (PL-RS)
- Coronel Assis (União-MT)
- Zé Trovão (PL-SC)
- Junio Amaral (PL-MG)
- Sargento Fahur (PSD-PR)
- Coronel Chrisóstomo (PL-RO)
- Gustavo Gayer (PL-GO)
- Osmar Terra (MDB-RS)
- Capitão Alden (PL-BA)
- Silvia Waiãpi (PL-AP)
- Delegado Ramagem (PL-RJ)
- Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP)
- Delegado Caveira (PL-PA)
- Carlos Jordy (PL-RJ)
- Evair Vieira de Melo (PP-ES)
- Pezenti (MDB-SC)
- Rodolfo Nogueira (PL-MS)
- Cabo Gilberto Silva (PL-PB)
- Rosângela Moro (União-SP)
- Mario Frias (PL-SP)
- Daniel Agrobom (PL-GO)
- Bia Kicis (PL-DF)
- Mauricio do Vôlei (PL-MG)
- Messias Donato (Republicanos-ES)
- Sanderson (PL-RS)
- Julia Zanatta (PL-SC)
O Brasil de Fato PB solicitou um posicionamento do deputado, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. O espaço segue à disposição para incluir a versão do parlamentar.