As centrais sindicais realizaram, nesta terça-feira (18), protestos em diversas cidades brasileiras para cobrar a redução da taxa básica de juros, a Selic. Em São Paulo (SP), o ato foi realizado pela manhã em frente à sede do Banco Central (BC), na avenida Paulista.
O objetivo é pressionar os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do BC, que decidem nesta quarta-feira (19) sobre o reajuste da taxa, atualmente em 13,25% ao ano. A expectativa é de que a Selic seja elevada a 14,25%, o maior patamar desde 2016.
“Na nossa opinião, a taxa de juros alta acaba prejudicando o investimento na indústria e o consumo porque os preços sobem e isso acaba atingindo também a geração de emprego. Quanto mais baixos forem os juros no nosso país, as condições econômicas serão melhores para a produção, para o consumo e para a geração de emprego”, explicou João Carlos Gonçalves, o Juruna, da Força Sindical.
“O que o Banco Central vem praticando [em termos de política monetária] é contrário à política do governo, que quer a redução de juros. E isso porque influencia em tudo, na compra de imóveis, no crédito, no financiamento estudantil, pra faculdade, enfim, em tudo na vida do trabalhador”, destacou o secretário de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Damarindo.
“Apesar de o nível de emprego estar aumentando no Brasil, os juros também estão. Ou seja, se por um lado o aumento do emprego é importante para que o trabalhador sane suas dívidas, pague seus compromissos, por outro lado, tem esses juros altíssimos que impossibilita a nossa vida”, completa.

Para Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, a elevação dos juros pelo Copom, sob orientação do mercado financeiro, revela “falta de autonomia” do comitê. “O mercado diz que é preciso controlar a inflação, porém essa inflação não é causada pela demanda, ou seja, pelo consumo exagerado da população, mas por fatores externos que deveriam ser resolvidos de outras formas e não sacrificando nosso poder de compra”, diz ela.
“Lamentavelmente o Banco Central age como o mordomo da [avenida] Faria Lima, ou seja, o Brasil virou o paraíso do rentismo. Hoje o país pratica a maior taxa de juros do planeta. E isso sugere que há uma insensatez. Não há razões para o Banco Central, o Comitê de Política Monetária, agir como garçom dos banqueiros, do capital especulativo e do rentismo”, disse Adilson Araújo, presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
“É preciso que a gente sinalize uma nova possibilidade. O mundo todo indica que a melhor resposta para sair da recessão é exatamente baixar juros”, disse . “Não podemos seguir permitindo que o Estado sirva de banco para satisfazer o ego do grande capital”, ressaltou.
Chamado de Dia Nacional de Mobilização Menos Juros, Mais Empregos, o ato contou com a presença da CTB, da Força Sindical, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), da União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Intersindical e da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NTST).
Além do movimento sindical, também participam do ato estudantes da Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo).

“O movimento estudantil vive denunciando a falta de investimento na educação. Um dos principais entraves do Brasil e também para investimento na educação é a altíssima taxa de juros”, disse Valentina Macedo, presidente da Umes.
“No ano passado, o valor investido na educação foi sete vezes menor do que para bolsa de banqueiro. Os estudantes estão cansados de viver nessa realidade, de ter as suas costas sucateadas, enquanto todo ano a gente repassa bilhões e bilhões de reais para bancos.”
*Com informações da Agência Brasil