O Fórum Internacional de Educação Ambiental (Fima), promovido anualmente pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI), discute na edição deste ano, nos dias 26 e 27 de março, a situação do bioma Pampa, que cobre 63% do território do Rio Grande do Sul, abrangendo cerca de 176 mil km². A região também é conhecida como Campos Sulinos e estende-se pelo Uruguai e pela Argentina.
Em sua 13ª edição, o Fima será realizado no Auditório do Memorial da Assembleia Legislativa do RS, em Porto Alegre, e tem como tema neste ano “Bioma Pampa: Clima, Conservação e Atividades Econômicas”. As inscrições são gratuitas e estão abertas no site do Fima.

O presidente da ARI, José Nunes, explica que o evento vai reunir diferentes instâncias da sociedade. “Idealizamos uma programação que reúne os vários atores deste cenário, como os produtores rurais, as comunidades e os ativistas, as diferentes esferas do governo e o Ministério Público, a fim de facilitar o diálogo.”
Maior destruição do Pampa foi no Brasil
Segundo levantamento do MAPBiomas, o Pampa Sul-Americano perdeu 20% de sua vegetação campestre entre 1985 e 2022, incluindo 9,1 milhões de hectares de campos nativos, conforme análise de imagens de satélite captadas no período. O país que teve a maior perda proporcional de vegetação campestre foi o Brasil, com 2,9 milhões de hectares — o equivalente a 58 vezes a área do município de Porto Alegre.
Os principais vetores dessa mudança são a expansão das áreas agrícolas para o plantio de soja e a silvicultura. O uso agrícola do solo aumentou 2,1 milhões de hectares entre 1985 e 2022. Já a silvicultura expandiu seu território em mais de 720 mil hectares nesse período — um aumento de 1.667%.
Debates internacionais
O evento contará com a presença de cientistas e pesquisadores dos três países onde ocorre o bioma Pampa. Clima, administração, agronomia, direito, engenharia agronômica, geografia, jornalismo e veterinária serão algumas das especialidades debatidas ao longo dos dois dias.
No dia 26, pela manhã, o tema será mudanças climáticas, apresentado pelos cientistas Jefferson Simões e Francisco Aquino, que acabam de retornar da Antártica após um longo período de pesquisa sobre o assunto. Dois jornalistas, o argentino Gustavo Veiga e o uruguaio Victor Bacchetta, compartilharão a situação do bioma em seus países e as respectivas coberturas da mídia.
O evento também debaterá como a pecuária familiar e outras iniciativas podem ser aliadas na preservação do Pampa, com painéis nos dois dias. No dia 27, será debatido o “Potencial Turístico e Comercial do Pampa”, tema do painel que trará como protagonistas as uvas, as olivas e o Geoparque de Caçapava do Sul.
“Os produtores de vinho, azeite de oliva e mel são diretamente prejudicados e lutam por mais controle no uso do herbicida que contém o composto 2,4-D, um dos componentes do agente laranja, usado como desfolhante na Guerra do Vietnã e, lamentavelmente, em nossas lavouras de soja”, explica a jornalista Daniela Sallet, vice-diretora de Meio Ambiente da ARI, complementando que o bioma Pampa preservado pode gerar renda de forma responsável.
Inscrições e programação completa em www.fima.org.br.
