A escritora Ana Maria Gonçalves, autora do aclamado romance histórico Um Defeito de Cor, recebeu a Medalha Tiradentes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O evento ocorreu na última terça-feira (25) durante uma sessão de homenagens feministas por iniciativa do mandato da deputada estadual Verônica Lima (PT).
O romance traz a história de Luisa Mahin, ou Kehinde, figura simbólica da luta negra no Brasil. Em uma mistura de ficção e realidade, a narrativa conta a trajetória da protagonista em primeira pessoa, desde a infância até a viagem de volta ao Brasil. Ao longo de oito décadas, Kehinde atravessa oceanos e revoltas em busca de liberdade e do filho perdido.
Ao Brasil de Fato, Verônica Lima declarou que a homenagem à Ana Maria Gonçalves reconhece a força da literatura na reconstrução da memória da população negra brasileira. Publicado há dez anos, o livro é um dos mais relevantes da literatura afro-brasileira.
“Um Defeito de Cor nos devolve memórias que tentaram apagar, dá voz às mulheres negras e fortalece a luta por justiça e igualdade. Como primeira mulher, deputada estadual, assumidamente lésbica na Alerj, sei o quanto é fundamental exaltarmos narrativas que rompem silêncios e inspiram novas gerações. Essa honraria é um símbolo de resistência e celebração da nossa cultura!”, declarou Lima.
A obra de Ana Maria Gonçalves inspirou o enredo da escola de samba Portela no Carnaval de 2024 no Rio de Janeiro. Na avenida, a história abriu espaço para uma homenagem ao antirracismo, que envolveu história, música, religião e luta. O desfile ganhou o prêmio Estandarte de Ouro.
“Ter o livro como inspiração do desfile da Portela foi extremamente importante para mim como escritora, porque ele furou a bolha da literatura, ele alcançou um público que nunca alcançaria se ficasse circulando nos meios da literatura”, afirmou Gonçalves em entrevista ao programa Bem Viver.
A maior honraria da casa legislativa fluminense para a autora mineira, segundo a parlamentar, reconhece ainda a contribuição de Gonçalves para a literatura, a cultura e os direitos humanos, além do seu impacto na nova geração de escritoras e intelectuais negras.