O reflorestamento da Floresta da Tijuca e das Paineiras, no Rio de Janeiro, é considerado um dos maiores exemplos de recuperação ambiental no Brasil. Porém, poucos sabem dos responsáveis pelo plantio das 100 mil mudas de espécies nativas que garantiu a estabilidade no abastecimento hídrico na então capital do país.
Com o intuito de reconhecer o apagamento histórico dos escravizados responsáveis pelo replantio ao longo de 1861-1874, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, na última segunda-feira (25), o Projeto de Lei 605/23. A iniciativa da deputada Dani Monteiro (Psol) inscreve no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro os nomes de Eleutério, Constantino, Manoel, Mateus, Leopoldo, Maria, Sabino, Macário, Clemente, Antônio e Francisco.
Ao Brasil de Fato, a parlamentar, que preside a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, destacou que o reconhecimento dessas pessoas é uma reparação mínima diante da imensurável contribuição dos povos escravizados para a construção não apenas do Rio de Janeiro, mas do país.
“A ideia do projeto de lei nasceu quando fiz uma trilha para uma das cachoeiras da Floresta da Tijuca e lá descobri que foram pessoas negras escravizadas que tornaram aquele replantio possível. Eles não apenas restauraram a floresta, mas garantiram o equilíbrio climático do Rio de Janeiro. Sem a Floresta da Tijuca, nossa cidade conhecida pelo ‘Rio 40º graus’ poderia ser até cinco graus mais quente. Imagina? Reconhecer esses heróis e heroínas anônimos é o mínimo que podemos fazer diante da gigantesca dívida que o Brasil tem com a população negra”, ressaltou.
Com a aprovação, os nomes dos trabalhadores passam a integrar oficialmente o Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro, criado pela Lei Estadual 5.808/10 para homenagear figuras de grande contribuição para a história do estado.
O Parque Nacional da Tijuca foi criado em 1961. O local protege a floresta e abriga pontos turísticos como o Cristo Redentor, Vista Chinesa e as Paineiras. O reflorestamento da área ajudou na recuperação de fauna e flora, incluindo espécies como o mico-leão-dourado, tucanos e jacutingas.